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Indústria pede reforma tributária e modernização das relações do trabalho

CNI entregou a parlamentares lista com 12 itens prioritários para 2023

Com foco na reindustrialização e na criação de empregos e com a promessa de promover a sustentabilidade, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) entregou nesta terça-feira (28) a edição de 2023 da Agenda Legislativa da Indústria. Com 139 projetos de lei de interesse da indústria, o documento foi apresentado em sessão solene no Congresso Nacional. Doze propostas são consideradas prioritárias.

Entre elas estão a reforma tributária, a atualização do setor elétrico, a regulamentação do mercado de crédito de carbono e a recuperação judicial de micro e pequenas empresas. Para a CNI, a aprovação das propostas permitiria ao país se reindustrializar e promover a transição para uma economia com baixa emissão de carbono. Alguns pontos, no entanto, causam polêmica, como o projeto que flexibiliza o licenciamento ambiental, criticado por várias entidades ligadas ao meio ambiente e a modernização das relações de trabalho.

Segundo a CNI, a edição de 2023 da Agenda Legislativa da Indústria teve recorde de participação, reunindo 139 entidades, 23 a mais que no ano passado. As propostas, informou a confederação, foram debatidas por 450 representantes das 27 federações estaduais das indústrias e 112 entidades setoriais nacionais.

A aprovação da reforma tributária é a principal reivindicação da indústria. De acordo com a CNI, essa é a reforma estrutural mais importante para a retomada de investimentos produtivos. Atualmente duas propostas de emenda à Constituição (PEC) tramitam sobre o tema: uma na Câmara e outra no Senado.

O governo não pretende enviar uma terceira proposta ao Congresso. Em vez disso, pretende usar os dois textos em tramitação para promover a reforma em duas fases: simplificar os tributos sobre o consumo, no primeiro semestre, e reformular o Imposto de Renda, no segundo.

Outro item considerado prioritário pela CNI é a aprovação do Projeto de Lei (PL) 414/2021, que prevê a portabilidade da conta de luz do setor elétrico e a abertura do mercado livre de energia a todos os consumidores. Pela proposta, até 42 meses após a sanção da lei, os consumidores poderiam escolher o fornecedor de energia que cobra o menor preço.

Pontos Polêmicos

Alguns pontos da agenda industrial causam polêmica. A CNI incluiu na lista de projetos prioritários o PL 2.159/2021, que flexibiliza as regras de licenciamentos ambientais. Segundo a confederação, o substitutivo aprovado na Câmara dos Deputados em 2021 confere "maior previsibilidade e racionalidade ao processo de licenciamento ambiental”, ao “preservar os avanços obtidos por estados e municípios”.

A proposta também permite que o contrato individual de trabalho seja definido por especificidade, predominância de função ou multifuncionalidade. Embora a multifuncionalidade pareça oferecer mais oportunidades para o trabalhador, na prática, ela pode ser usada para precarizar salários e sobrecarregar o trabalhador. Portanto, não se deixe enganar pelo discurso de modernização das relações de trabalho: a permissão para o trabalho multifunção (PL 5.670/2019) pode ser mais uma maneira do empregador burlar a remuneração justa e adequada ao conhecimento e capacidade do trabalhador.

Diversas entidades apontam riscos na aprovação do projeto. Em novembro de 2021, seis meses após a aprovação do texto, a Associação Nacional dos Procuradores da República emitiu nota técnica em que avalia que as mudanças ao aumento de riscos socioambientais e a uma significativa insegurança jurídica aos setores público e privado, com prejuízo ao controle social e ao devido planejamento integrado, descentralizado e participativo.

O Greenpeace Brasil pede a retirada do texto, que apelida de Pacote da Destruição. A organização não governamental alega que a proposta não teve debate suficiente, atende ao interesse da bancada ruralista e fragiliza o principal instrumento de proteção ao meio ambiente e às comunidades impactadas por empreendimentos.

Outros projetos sobre o meio ambiente que constam na agenda legislativa são os PLs 528/2021 e 3.100/2022, que regulamentam o mercado de crédito de carbono.

Confira a lista das 12 propostas consideradas essenciais pela CNI:

  • Reforma Tributária – PEC 45/2019 e PEC 110/2019
  • Marco Legal do Reempreendedorismo - Recuperação Judicial de MPEs – PLP 33/2020
  • Licenciamento Ambiental – PL 2.159/2021
  • Regulamentação do mercado de crédito de carbono – PL 528/2021 e PL 3.100/2022
  • Modernização da Lei do Bem – PL 4.944/2020
  • Modernização do setor elétrico – PL 414/2021
  • Marco Legal das Garantias – PL 4.188/2021
  • Estatuto do Aprendiz – PL 6.461/2019
  • Permissão para o trabalho multifunção – PL 5.670/2019
  • Regulamentação do limbo previdenciário – PL 3.236/2020
  • Incentivos de IRPJ e reinvestimento nas áreas da Sudam e da Sudene – PL 4.416/2021
  • Código de Defesa do Contribuinte – PLP 125/2022

Edição: Juliana Andrade da Agência Brasil e Emerson Tormann da Atualidade Política

Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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