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Energia gera tanto CO2 quanto desmatamento

No Brasil, queda nas emissões de gases de efeito estufa foi de apenas 0,9% em 2014




A estagnação econômica e a desaceleração do desmatamento da Amazônia não têm sido suficientes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no Brasil. No ano passado, elas alcançaram 1,558 bilhão de tonelada de gás carbônico equivalente, apenas 0,9% inferior a 2013, segundo o estudo "Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG 2.0)", divulgado ontem pelo Observatório do Clima. O motivo é o uso de energia atrelada à queima de combustíveis fósseis, que já responde por 30,7% das emissões totais e se equipara ao desmatamento, responsável por 31,2%.

No ano passado, enquanto as emissões causadas pela mudança no uso da terra caíram 9,7%, as do setor de energia aumentaram 6%. Num cenário de economia deprimida, o natural seria diminuir as emissões, mas a crise hídrica causou problemas adicionais. Com a seca, as hidrelétricas produziram menos e, para compensar, foram acionadas termelétricas, muito mais poluentes. O resultado foi um aumento de 23% nas emissões na produção de eletricidade.

- A energia está prestes a se tornar nossa principal fonte de emissões de gases de efeito estufa - diz Tasso Azevedo, coordenador do SEEG.

O risco de indisponibilidade hídrica obriga o país a buscar novas fontes de energia renovável, como a eólica e a solar, mas os investimentos são considerados incipientes.

- A discussão da matriz energética precisa entrar na pauta do governo brasileiro. É preciso diversificar nossa matriz energética investindo em fontes limpas, como a eólica e o etanol de segunda geração - afirma André Ferretti, da Fundação O Boticário, que integra o Observatório do Clima.

Quando se trata de energia, porém, o principal vilão é o transporte. A queima de combustíveis fósseis na movimentação de cargas e pessoas corresponde a quase metade das emissões do setor no país, com 220 milhões de toneladas. O consumo de óleo diesel aumentou 6% entre 2013 e 2014, e o de gasolina, 5,3%.

- A saída é desestimular o uso de transporte individual com políticas mais ambiciosas, como reduzir e encarecer áreas de estacionamento. Mas a mudança esbarra na resistência dos usuários de automóveis e tem custo político alto - diz André Ferreira, do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).

Por atividade econômica, a agropecuária segue sendo a responsável pela maior emissão de gases de efeito estufa no país, com 60% do total.

A tendência é de queda, já que a participação era de 82% em 2000. Em contrapartida, todos os demais setores aumentaram proporcionalmente as emissões.

O transporte passou de 6% em 2000 para 14% em 2014. A participação da indústria dobrou, de 6% para 12%. Na indústria de consumo intensivo de energia, como a do aço, persiste o uso de carvão mineral, uma das principais fontes de emissão de CO2 do mundo. A participação da produção de combustíveis e geração de energia saltou de 3% para 9% do total. O segmento que engloba comércio, residências e o setor público ampliou sua participação nas emissões de 3% para 5% nos últimos quatro anos.

AMAZÔNIA NÃO DEVE SER O ÚNICO FOCO

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, admite que o desmatamento desacelerou, mas segue em pauta. Apesar de garantir que há folga para o cumprimento da meta de desmatamento ilegal zero em 2030, ela afirma que há dificuldade no engajamento de estados e municípios e na atração dos setores mais conservadores. - O desmatamento não está resolvido - diz. Segundo a ministra, o governo pretende levar à COP-21, em Paris, o compromisso de antecipar em 10 anos a meta de desmatamento ilegal zero nos estados de Acre e Mato Grosso. Procurado pelo GLOBO, o governo do Mato Grosso informou que a proposta apresentada pelo ministério ainda está em análise pela equipe técnica dos órgãos ambientais dos dois estados, que ainda não chegaram a uma conclusão.

Izabella ressalta que o foco do desmatamento não deve ser apenas a Amazônia. Agora, o país vai monitorar também os demais biomas, como o Cerrado, onde a intenção é aumentar a área de proteção. O debate sobre a redução de emissões já alcança a economia. Segundo Izabella, plantadores de soja do Mato Grosso buscaram apoio do ministério para mostrar a compradores europeus que não estão usando áreas desmatadas ilegalmente.

- A política pública não será mais distante do dia a dia de cada um - diz a ministra.

Fonte: O Globo
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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