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Eletrobras vai reduzir desembolsos até 2019

Eletrobras planeja lançar um novo plano diretor de negócios e vai reduzir desembolsos até 2019

A Eletrobras planeja lançar no próximo mês um novo plano diretor de negócios, para o horizonte 2015-2019. Segundo o presidente da estatal, José da Costa Carvalho Neto, assim como a irmã Petrobras, o novo plano deverá reduzir o volume de investimentos previstos em relação ao documento anterior, que tinha desembolsos da ordem de R$ 52 bilhões em cinco anos. O novo montante, no entanto, ainda não foi definido.

De acordo com o executivo, no caso da elétrica, a redução se deve ao novo cenário para o financiamento de projetos do setor elétrico e da própria Eletrobras, após a redução, de 70% para 50%, da participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos novos empreendimentos e do novo rebaixamento do nível de crédito da companhia pela agência de classificação de risco Moody's.

"Acredito que, até o mês que vem, ele [o plano] já esteja concluído. É lógico que vamos considerar novas formas de financiamento. Mas isso [mudança da política do BNDES] incide. É uma variável que temos que levar em conta. Pode ser que haja aí uma redução [da previsão de investimentos]. Estamos concluindo essa análise para se adequar a essas novas condições", disse o presidente da Eletrobras, em entrevista exclusiva ao Valor.

Segundo ele, diante do novo cenário, a Eletrobras se voltará cada vez mais ao que ele chama de "DNA" do grupo: o desenvolvimento e operação de grandes projetos de geração e transmissão de energia. Nesse contexto, os principais alvos são o segundo linhão que escoará energia da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que será leiloado no próximo dia 17, e a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, no mesmo estado, que deve ir a leilão em 2016.

Com relação ao leilão do segundo linhão de Belo Monte, tudo indica que suas controladas Furnas e Eletronorte repetirão a parceria com a chinesa State Grid, que arrematou o contrato da primeira linha de transmissão, em 2014. Equipes das duas subsidiárias estiveram na Eletrobras ontem para discutir a participação no novo leilão.

Carvalho Neto confirmou que a empresa poderá vender participações minoritárias em usinas e linhas de transmissão menos estratégicas, para fazer caixa para os novos empreendimentos, conforme já sinalizado pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga.

"Temos participações minoritárias em outras empresas, temos projetos eólicos, projetos que não são tão estrategicamente importantes. Então seria normal se nos alavancássemos com a venda de alguns desses ativos para termos recursos para esses grandes projetos, especialmente nesse momento em que o crédito fica mais difícil pela conjuntura que temos hoje e pela nova politica do BNDES", explicou o executivo.

No caso das distribuidoras, a Eletrobras está fechando a contratação da International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial, para ser o assessor financeiro para a venda da fatia de 51% que possui na goiana Celg-D.

A venda das demais distribuidoras deve ser feita "gradativamente", disse Carvalho Neto. Ele, porém, acrescentou que ainda não há decisão aprovada pelo conselho de administração ou pela assembleia de acionistas sobre o assunto.

Diante do novo cenário, a Eletrobras também vai por um pé no freio nos planos de internacionalização. Estrategicamente, os investimentos no exterior continuam sendo importantes para a companhia, porém, com exceção da hidrelétrica de Tumarín, na Nicarágua, os demais projetos internacionais ficarão na estante, até que haja a viabilização de recursos para realizá-los.

Até o fechamento desta edição, o presidente da Eletrobras esperava concluir ontem a negociação com a BR Distribuidora e a Petrobras sobre o montante da dívida ainda descoberta relativa à aquisição de combustíveis para geração de energia em Manaus.

O executivo não revelou o valor do acerto. Em março, porém, a Eletrobras havia divulgado ao mercado que o conselho de administração da empresa havia aprovado celebração de termos aditivos à repactuação de dívidas de empresas do grupo perante à BR Distribuidora e à Petrobras, no montante de R$ 8,6 bilhões. Desse total, R$ 6,1 bilhões haviam sido reconhecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em créditos a serem pagos pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

Carvalho Neto contou que a Eletrobras cogita acionar a Justiça para se proteger das perdas bilionárias provocadas pela exposição no mercado de curto prazo, devido ao déficit de geração hídrica. A companhia é uma das poucas geradoras que não está protegida por liminar contra os prejuízos do GSF (sigla em inglês para o fator que mede o déficit de geração hídrica).

O executivo explicou que a maior parte das liminares obtidas pelas empresas não tem influência na liquidação do mercado de energia de curto prazo de maio, realizada esta semana, pois as operações já haviam sido contabilizadas pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Para a próxima liquidação, prevista para agosto, porém, elas terão efeito. "Se tivermos que entrar na Justiça, nós vamos entrar", completou.

Fonte: Valor Econômico
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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