O cientista de dados Dheiver Santos detalha como o framework nacional de multi-agentes supera os chatbots tradicionais e gera valor real para empresas
Cientista de dados Dheiver Santos detalha no podcast "PodHeitor" o avanço da IA agêntica no Brasil, conectando a inovação nacional ao movimento global de automação robusta e regulação tecnológica.
Enquanto o mundo corporativo consolida 2025 como o "ano dos agentes autônomos", o Brasil ganha destaque com iniciativas que buscam não apenas aplicar, mas arquitetar inteligência artificial com DNA nacional. Em recente participação no podcast PodHeitor, Dheiver Santos, cientista especialista em IA Generativa e criador do framework Mangaba AI, delineou como a tecnologia está evoluindo de simples chatbots para sistemas multiagentes capazes de executar tarefas complexas em saúde, finanças e indústria.
A discussão ocorre em um momento determinante: relatórios recentes de instituições como o Gartner e a MIT Technology Review apontam que a "IA Agêntica" — sistemas que operam sem supervisão contínua — é a tecnologia dominante deste ano, com gigantes como a AWS lançando suas categorias de Frontier Agents. Na contramão da dependência exclusiva de big techs estrangeiras, o Mangaba AI surge como uma solução open source e agnóstica, desenhada para garantir soberania tecnológica ao país.
Do chatbot ao agente executor
Durante a entrevista, Santos explicou a diferença fundamental que marca a tecnologia em 2025: a ruptura com os "chatbots de regras rígidas" (os tradicionais "digite 1 para financeiro"). Segundo o especialista, frameworks como o Mangaba permitem a orquestração de agentes inteligentes que não apenas conversam, mas agem.
"Quando você interage com um chatbot padrão, ele tem um conjunto de regras pré-estabelecidas. Já o agente inteligente tem a capacidade de entender padrões e realizar tarefas. Se um usuário envia uma foto no WhatsApp, um agente específico interpreta a imagem, outro processa a demanda e um terceiro executa a ação de negócio", detalhou Santos.
Essa visão alinha-se perfeitamente às tendências de mercado observadas no final de 2025, onde a automação deixa de ser reativa para se tornar proativa. Veículos especializados, como a StartSe, reportaram nesta semana que a nova geração de IAs já consegue "atuar por longos períodos sem supervisão e tomar decisões sem esperar instruções humanas", validando a tese defendida pelo cientista brasileiro.
Aplicações reais e o "hype" da generativa
Apesar do entusiasmo com a IA Generativa (GenAI), Dheiver Santos trouxe um tom de pragmatismo ao debate, alertando que nem todo problema exige um modelo de linguagem gigante (LLM).
"Estamos num hype onde acham que tudo se resolve com IA generativa. Mas para um varejista que precisa evitar ruptura de estoque, uma IA preditiva clássica (Machine Learning) muitas vezes é mais eficiente e barata para fazer a previsão de demanda", pontuou.
No entanto, para setores como Saúde e Finanças, a orquestração de agentes mostra seu valor real. A capacidade de analisar grandes volumes de dados não estruturados (como prontuários médicos ou contratos jurídicos) e gerar insights acionáveis é o diferencial que tem transformado a rotina de médicos e advogados. Notícias recentes do portal Saúde Business corroboram essa aplicação, indicando que em 2025 a IA já é vital para a "interoperabilidade de dados e personalização de tratamentos" no sistema de saúde privado e público do Brasil.
Soberania tecnológica e regulação
Um dos pontos mais importantes da conversa foi a questão da soberania nacional. O nome "Mangaba" — fruto nativo do Brasil que simboliza resistência — não foi escolhido por acaso. Santos destacou o risco de o país depender inteiramente de infraestrutura estrangeira, citando cenários geopolíticos (como tarifas e guerras comerciais) que poderiam, hipoteticamente, "desligar a tomada" da IA no Brasil.
"Se a tecnologia de IA saísse do ar por um dia, o que sobraria para o Brasil? O Mangaba AI nasce desse inconformismo, para que tenhamos tecnologia própria, madura e capaz de competir", afirmou o criador.
O tema ganha relevância com o avanço do Marco Regulatório da IA no Brasil. Com o texto base aprovado pelo Senado e em tramitação final na Câmara em 2025, a exigência por transparência, governança de modelos e proteção de dados (LGPD) torna o uso de frameworks auditáveis e nacionais uma vantagem competitiva estratégica para empresas locais.
O futuro é colaborativo
Encerrando a participação, Dheiver Santos reforçou que o futuro da IA é colaborativo e que o custo computacional tende a cair com a entrada de novos players e investimentos em data centers no Brasil e na China. Para os profissionais que temem a substituição, ele deixou um conselho: o foco deve estar no "porquê" e não apenas no "como".
"O advogado vai continuar sendo advogado, mas usará IA. O médico também. A ferramenta vem para potenciar o profissional, não para substituí-lo", concluiu.
A live completa, que também abordou detalhes técnicos sobre MLOps e visão computacional, serve como um manifesto de que o Brasil não é apenas um consumidor de tecnologia, mas um celeiro de talentos capaz de liderar a próxima onda da revolução digital.
Para conferir a entrevista na íntegra e entender a arquitetura por trás dos agentes inteligentes brasileiros, assista ao episódio:
PodHeitor: GenAI e Agentes Inteligentes com Dheiver Santos
Por que este vídeo é relevante: A entrevista oferece uma visão aprofundada e técnica, mas acessível, sobre como a inteligência artificial está sendo desenvolvida no Brasil através do framework Mangaba AI, conectando a teoria dos agentes autônomos com a prática de mercado e a necessidade estratégica de soberania tecnológica nacional.


