MTEC Energia

Energia que vem dos resíduos

O alto custo para captação do biogás não impede a expansão de empresas especializadas em transformar o lixo em eletricidade limpa no Brasil


usina Itajaí Biogás e Energia


Embora de forma tímida, a geração de energia elétrica a partir da queima do lixo vem avançando no Brasil. Só a Solvi Valorização energética (SVE), que atua no desenvolvimento energético limpo e sustentável com foco em construção e operação de térmicas a biogás de aterro sanitário, investiu R$ 200 milhões na montagem de três usinas no país. Atualmente, a companhia tem 28,5 MW de potência instalada - 20 MW na Termoverde Salvador, na Bahia, e 8,55 MW na Biotérmica Recreio, construída na cidade de Minas do Leão (RS).Juntas produzem 180 mil MWhI ano, energia suficiente para abastecer uma cidade com 260 mil pessoas. Até o início de 2016, essa capacidade irá duplicar com a inauguração de uma nova térmica em construção, a Termoverde Caieiras, em São Paulo, com capacidade para produzir 30 MW - que poderá atender a um município de 580 mil habitantes. "Será uma das maiores térmicas desse gênero do mundo", ressalta Carlos Bezerra, diretor da companhia.

Desenvolvida em Itajaí (SC) pela união da lMalucelli Ambiental, Tertium Participações e Ambiental Saneamento, a usina Itajaí Biogás e Energia foi projetada de forma modular. Inicialmente, investiram-se R$ 7,5 milhões, para uma geração fixa de 1,06 MW, mas o projeto deverá atingir até 3,18 MW com as ampliações previstas para o ano que vem. Cada MW instalado adicional deverá custar R$ 3 milhões, informa Eduardo O'Reilly Cabral Covas Barrionuevo, diretor da JMalucelli Ambiental.

A capacidade de produção inicial é de 24.000 kWh/dia. "Com a energia gerada nesta primeira fase, com potência de 1 MW, são atendidas 14,5 mil pessoas", diz o executivo. A energia é entregue no sistema de distribuição da Celesc, concessionária local em Santa Catarina, e vendida no mercado livre para um consumidor privado. A operação da usina é simples e comandada por apenas dois técnicos: o biogás é gerado naturalmente pelo aterro sanitário por meio da decomposição da matéria orgânica ali depositada. Depois de captado e levado até a usina de biogás, passa por um pré-tratamento, sendo então encaminhado para o grupo gerador, que produz a energia e envia para o sistema de distribuição da Celesc.

As perspectivas de crescimento nesse campo são muito boas, avaliam os empresários. De acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Públicas e Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil tem potencial para gerar 1,3 GW de energia elétrica a partir dos resíduos sólidos urbanos. Isso equivale a um fornecimento adicional de 932 mil MWh/mês, o suficiente para abastecer 6 milhões de residências ou mais de 20 milhões de pessoas. De acordo com a Põyre, multinacional da área de consulto ria e engenharia especializada na área de energia, o Brasil gera 170 mil toneladas de lixo/dia, dos quais 70% vão para lixões não controlados e apenas 30% para aterros sanitários ou controlados. Somente na cidade de São Paulo são produzidos diariamente 12 mil toneladas de lixo doméstico. "Se considerarmos que é possível produzir 20 MW com mil toneladas de lixo doméstico por dia, a incineração direta dos resíduos domésticos produzidos na capital paulista tem o potencial de gerar 240 MW, quatro a cinco vezes mais do que a geração com gás de aterro e suficiente para atender 1 milhão de habitantes", analisa Lucia Coraça, diretora de energia e gerenciamento de projetos da Pôyre.

Utilizar o biogás de aterros como fonte geradora de energia, portanto, resolve dois grandes problemas: dá um destino sustentável ao crescente volume de biogás gerado pela disposição dos resíduos sólidos, o que reduz a emissão de gás de efeito estufa (GEE), e contribui com a diversidade da matriz energética brasileira, atendendo à demanda por eletricidade limpa. Mas há um longo caminho a percorrer. "Uma das maiores dificuldades para a implantação de empreendimentos desse tipo é o alto investimento necessário para a captação do biogás produzido pelo aterro sanitário, tratamento, produção de energia elétrica nos motores geradores e conexão com o sistema de distribuição, que exige a construção de grandes subestações e/ou linhas de transmissão de energia elétrica", explica Bezerra, da Solvi.

A foco da multinacional GE Power & Water, fabricante de soluções para a área de energia, é resolver outro grande desafio tecnológico: a produção dos equipamentos no Brasil. A empresa fornece no país os motogeradores Jenbacher, produzidos na Áustria, que podem ser utilizados em aterros sanitários e em estações de tratamento de esgoto para produção de energia a partir do lixo. Segundo Rickard Schafer, gerente de vendas da GE, a empresa já tem contrato de fornecimento dos motores com a Estre Ambiental, operadora de aterro sanitário de Guatapará, na região de Ribeirão Preto (SP), e com a Solvi, para equipar o aterro sanitário gaúcho de Minas do Leão. Para a Estre, a GE forneceu três motores Jenbacher J420, de 1,4 MW cada um, que abastem 13 mil residências. No projeto em Minas do Leão, são seis motores de 1,4 MW de potência cada um.

Fonte: Valor Econômico
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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