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Contingente de profissionais bem pagos e realizados mostra que faculdade não é a única via para subir na vida

No livro The Most Powerful Idea in the World, o americano William Rosen diz que um dos fatores primordiais para o surto de avanço tecnológico durante a Revolução Industrial foi o surgimento de uma elite de técnicos capaz de ler manuais — e escrevê-los

Por Cecilia Ritto e Cintia Thomaz, Revista Veja edição 2367 de 02 de abril de 2014




A extraordinária segunda metade do século XVIII foi um tempo de invenções como nunca se viu — o momento em que o carvão e o vapor substituíram a lenha nos motores e projetos revolucionários saíram do papel para o dia a dia das cidades. Na Inglaterra, berço das novidades, um grupo de operários pôs-se a ler e a se reunir nos pubs para debater, isso mesmo, artigos científicos. A Lei das Patentes acabara de ser promulgada e eles queriam ganhar dinheiro criando soluções para a fábrica.

No livro The Most Powerful Idea in the World (A Ideia Mais Poderosa do Mundo), sobre como o empuxo da Revolução Industrial mudou o curso da história, o americano William Rosen diz que um dos fatores primordiais para aquele surto de avanço tecnológico foi justamente o surgimento de uma elite de técnicos capaz de ler manuais — e escrevê-los.

A mão de obra de nível técnico como força motriz da produtividade foi então, e continua a ser, um dos pilares dos países que dão certo. No Brasil, que sempre olhou de cima para baixo a via profissionalizante, a ideia só agora começa a vingar, sob o impulso de uma indústria que finca pé no século XXI e demanda pessoal na mesma sintonia. Clique aqui e leia o artigo na íntegra.



Comentário: caros leitores do blog...

Uma das coisas mais acertadas em minha vida foi a escolha que fizeram meus pais quando decidiram me matricular em uma escola técnica. Naquela época, anos 80, era menos comum ter algum amigo ou vizinho estudando em escolas técnicas. Mais raro era ter algum parente mais velho formado técnico industrial contando histórias de sua profissão nos almoços de família. Por isso, difícilmente sofríamos a influência de alguém próximo.

Como técnico aprendi a ler manuais. Muitos manuais. Geralmente em inglês e alguns tantos em alemão. Quando comecei a trabalhar em uma empresa de comunicação de dados, a maioria dos componentes eram fornecidos pela ICOTRON / SIEMENS. Os "datasheets" (como são chamados os manuais de componentes eletrônicos) não vinham traduzidos e eu tinha que entender o funcionamento e as aplicaçõs de todos eles. Obrigatoriamente...

Mais tarde, quando passei a atender meus clientes em casa ou mesmo em seus escritórios, costumava ler os manuais dos aparelhos eletrônicos que compravam e não sabiam como instalar. Pagavam-me para ler e explicar de foma bem "mastigadinha" o conteúdo do manual do produto e seu funcionamento. Aprendi sobre diversos tipos de dispositivos eletrônicos: desde uma simples luminária com dimmer até um complexo sistema de estúdio de gravação de audio.

Assim recomendo a todo o novo técnico que leia, mas leia muito! Todo e qualquer manual de instruções de equipamentos, dispositivos, eletrodomésticos e etc.. Principalmente os da área de informática, engenharia e medicina (ler manual de equipamento de ressonância magnética é um belo passatempo... :-P).

Enquanto o livro The Most Powerful Idea in the World, não é traduzido, sugiro a leitura do livro Educação profissional – Saberes do ócio ou saberes do trabalho?

Conta a história de um técnico de ascendência alemã que foi encarregado de ler os manuais e disseminar o conhecimento. Mas mexe na máquina e não consegue o objetivo. Despois descobre-se que ele conseguiu e quando perguntado vem a surpresa, diz ele:

– Eu li a máquina!
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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