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O renascimento da política industrial brasileira


Nova Indústria Brasil é tema de reunião do Comitê Gestor do Núcleo de Inovação

Em meio à necessidade urgente de reverter o processo de desindustrialização que assolou o país nos últimos anos, o governo federal lançou em janeiro a Nova Indústria Brasil (NIB), uma ambiciosa política industrial destinada a transformar e modernizar o setor produtivo nacional. A iniciativa, amplamente discutida em um recente encontro na Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), representa um divisor de águas para a retomada do desenvolvimento industrial brasileiro.

Jamal Jorge Bittar, presidente da Fibra, destacou a importância do recém-empossado ministro Geraldo Alckmin à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, ressaltando que "estamos no caminho certo" para reverter a deriva enfrentada pela indústria brasileira.

De acordo com Felipe Machado, secretário-adjunto de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços, a ausência de políticas industriais nos últimos anos acarretou sérias dificuldades, inclusive uma perda de know-how por parte do próprio Estado. "O fato de termos conseguido agora, em janeiro, lançar uma política industrial é bastante significativo", ressaltou Machado, enfatizando a urgência de reverter a desindustrialização, que trouxe consequências nefastas, como a redução da massa salarial e a precarização do trabalho.

Machado ressaltou que essa não é apenas uma política industrial do Estado, mas da sociedade brasileira, construída com participação de representantes do setor privado, trabalhadores e entidades setoriais. Ele argumentou que o apoio estatal é fundamental para o desenvolvimento produtivo e tecnológico, dada a incerteza e os riscos envolvidos nessas atividades de retorno de longo prazo.

O secretário apontou que os países desenvolvidos e a China já adotaram políticas industriais agressivas, investindo trilhões de dólares para fortalecer suas indústrias nacionais. Além disso, a pandemia evidenciou a importância estratégica de cadeias produtivas resilientes e do desenvolvimento tecnológico nacional, reforçando a necessidade de ações governamentais nessa área.

seis missões estratégicas da NIB

A NIB se estrutura em torno de seis missões estratégicas, abrangendo desde cadeias agroindustriais sustentáveis até tecnologias de interesse para a soberania e defesa nacionais. Essas missões, delineadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, têm por objetivo mobilizar a indústria em torno de desafios sociais complexos, impulsionando o desenvolvimento produtivo e tecnológico.

Para alcançar esses objetivos, o governo anunciou um pacote de R$ 300 bilhões em linhas de financiamento pelo BNDES, BID e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) nos próximos quatro anos. Além disso, outras medidas como compras governamentais, programas de aumento de produtividade para pequenas e médias empresas, incentivos para a indústria automobilística verde e depreciação acelerada de máquinas e equipamentos foram delineadas.

A NIB se apoia em uma gama de instrumentos e programas: o programa Brasil Mais Produtivo, voltado para pequenas e médias empresas, e o Mover, que incentiva a produção de veículos sustentáveis no país. Ademais, a política prevê a utilização estratégica do poder de compra governamental e a depreciação acelerada de máquinas e equipamentos, visando à modernização do parque industrial.

Embora ambiciosa, a NIB enfrenta desafios, como a necessidade de validar metas aspiracionais e definir nichos industriais prioritários. No entanto, conforme destacado por Machado, a política representa um passo crucial para colocar o Brasil novamente em um processo de desenvolvimento, fomentando uma indústria forte, robusta e competitiva, capaz de gerar empregos dignos e impulsionar o crescimento econômico sustentável.

Nos próximos passos, o governo definirá metas aspiracionais para cada uma das missões, visando mobilizar todos os atores envolvidos. Também será estabelecida uma lista de nichos industriais prioritários, com um plano de ação conjunto com empresas para torná-los competitivos internacionalmente.

Mão de obra qualificada e valorização dos Técnicos Industriais são essenciais para o sucesso da NIB

Enquanto o governo federal avança com a ambiciosa Nova Indústria Brasil (NIB), uma política industrial destinada a impulsionar o renascimento do setor produtivo nacional, é preciso reconhecer que o sucesso dessa iniciativa depende intrinsecamente de investimentos maciços em mão de obra qualificada. Afinal, é o capital humano que dará vida e sustentação à almejada modernização e competitividade da indústria brasileira.

Para materializar essa visão transformadora, é imprescindível contar com profissionais altamente capacitados, capazes de dominar as mais recentes inovações tecnológicas e processos produtivos. Nesse contexto que se torna urgente reforçar os investimentos na formação de técnicos industriais de excelência. Esses profissionais, verdadeiros soldados da linha de frente da indústria, precisam estar alinhados com as demandas específicas dos parques industriais brasileiros e internacionais, dominando habilidades críticas em áreas como automação, manufatura avançada, transição energética, bioenergia, descarbonização e sustentabilidade.

Investir na formação de técnicos industriais não é apenas uma questão de capacitação profissional, mas uma estratégia fundamental para impulsionar a competitividade da indústria nacional. Afinal, são esses profissionais que garantirão a eficiência e a qualidade dos processos produtivos, além de serem agentes fundamentais na incorporação de novas tecnologias e práticas sustentáveis.

Além disso, é essencial reconhecer que a mão de obra qualificada é um ativo valioso não apenas para as empresas, mas também para o próprio país. Uma força de trabalho altamente capacitada atrai investimentos, estimula a inovação e fortalece a competitividade internacional do Brasil no cenário global.

De acordo  com o Técnico Industrial e Conselheiro do CRT01 Emerson Tormann, que participou da reunião do Comitê Gestor, "essa é a grande oportunidade que temos de inserir de forma consistente os Técnicos Industriais na mercado de trabalho com o objetivo de acabar com a conversa fiada de que não há profissionais a altura das vagas disponíveis nas empresas", enfatizou Tormann.

Portanto, enquanto o governo federal implementa medidas como financiamento, incentivos fiscais e compras governamentais estratégicas, toda a sociedade deve se mobilizar e abraçar esse desafio. E a melhor forma de contribuir para essa construção de futuro é dar oportunidade aos jovens de ingressarem no ensino técnico e qualificar os profissionais ativos e disponíveis no mercado.

Clique aqui para saber mais sobre o plano de ação da Nova Indústria Brasil e as seis missões definidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial.

Ouça o discurso de Felipe Machado durante a abertura da reunião do comitê gestor:


O Núcleo de Inovação

O Comitê Gestor do Núcleo de Inovação do DF define as estratégias do Núcleo de Inovação do Distrito Federal, que faz parte da Rede de Núcleos de Inovação da CNI. Criado em 2015 pela Fibra, o núcleo tem a função de estimular a cultura da inovação e ampliar o número de empresas inovadoras no DF.

Fotos: Bruno Frauzino/Fibra
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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