MTEC Energia

FATOR DE POTÊNCIA - A MUDANÇA DO PARADIGMA


A energia elétrica começou a ser utilizada de forma sistemática, no mundo, há pouco mais de 120 anos. No início, era utilizada basicamente como luz e força. A luz era gerada pelas lâmpadas incandescentes, e a força pelos motores elétricos.

Por Cilmo Alencar de Oliveira*

Aos motores elétricos está associada uma propriedade elétrica chamada indutância. O funcionamento dos motores elétricos, todavia, não era e não é muito simples. Com efeito, quando conectados à rede elétrica, os motores elétricos incorporam uma propriedade elétrica chamada de indutância, que causa um tipo de irregularidade na rede elétrica conhecido como baixo fator de potência indutivo.

Para compensar a indutância e minimizar sua influencia negativa, foi criado todo um sistema de controle com a utilização de capacitores, componente eletrônico que tem o comportamento elétrico contrário ao dos indutores. Esta técnica foi adotada em todo o mundo, fazendo com que na maioria das entradas de energia dos edifícios tivesse um circuito para sensoriamento, controle e acionamento dos capacitores. Em todos os países foi criada a legislação para regulamentar o tratamento deste problema com a aplicação de multa por excesso de indutância.

Com o desenvolvimento da eletrônica, surgiram os equipamentos eletrônicos, entre eles os equipamentos de som, de imagem, de entretenimento, eletrodomésticos, etc. O que diferenciou esses aparelhos foi que a alimentação de energia passou a utilizar uma fonte linear, isto é, uma fonte de energia que sempre tinha um transformador, que, todavia, apresentava uma indutância, como os motores. Estas fontes tinham baixa eficiência, tamanho e peso elevados, além de alto custo.

Com o surgimento dos computadores pessoais, foi desenvolvida uma nova tecnologia, as chamadas fontes chaveadas, com maior eficiência, menor tamanho e menor custo. A estas fontes, ao contrário das fontes lineares, está associada uma propriedade elétrica chamada capacitância, que também causa na rede elétrica irregularidade semelhante à causada pela indutância. Entretanto, além de causar fator de potência negativo, as fontes chaveadas causam também a chamada distorção harmônica, outro fenômeno de perturbação da qualidade da energia. Quanto à iluminação, as antigas lâmpadas incandescentes foram substituídas pelas fluorescentes eletrônicas (há aproximadamente uns 20 anos) e, depois (há uns 6 ou 7 anos), pelas lâmpadas de led, que também são capacitivas. Já havíamos identificado em Brasília alguns edifícios recém-construídos que passaram a adotar as novas tecnologias e, portanto, apresentam fator de potência capacitivo. Entretanto, o Liberty Mall é o 1º caso de um edifício antigo em que o fator de potência mudou de indutivo para capacitivo.

A presença real dessa nova abordagem tecnológica nos permite afirmar que está ocorrendo mudança radical de paradigma na correção do fator de potência, causada pela capacitância e não na indutância, o que significa que, confirmando-se a tendência, a indústria elétrica/eletrônica terá de enfrentar o desafio de desenvolver novos dispositivos para efetuar o sensoriamento e correção do fator de potência tanto indutivo quanto capacitivo, com o possível emprego tanto de capacitores quanto de indutores. Até a legislação vigente terá que ser alterada para se adequar a esta nova realidade.

Brasília, 6 de novembro de 2018.

Cilmo Alencar de Oliveira é engenheiro eletricista formado pela UnB e possui mais de 40 anos de experiência nas áreas de elétrica, eletrônica e de infra-estrutura. CREA-DF 1823/D
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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