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Fotovoltaica terá 4% da matriz



A participação da energia solar fotovoltaica na matriz brasileira ainda é incipiente - responde por apenas 0,02% do total energia produzida no país - mas essa fonte renovável vem ganhando espaço graças a uma combinação de fatores: leilões específicos realizados pelo governo federal, incentivos à chamada geração distribuída (linhas de crédito específicas e isenção de impostos em alguns Estados) e investimentos privados na cadeia produtiva, com empresas que começam a fabricar componentes no Brasil.

Até 2024, a expectativa é que a energia fotovoltaica represente 4% da matriz energética do país, em uma trajetória semelhante à da energia eólica, que em uma década saiu de menos de 1% para os atuais 6%. "Será um salto de 200 vezes em relação ao que temos hoje, que vai incluir grandes projetos e geração distribuída", diz Rodrigo Lopes Sauaia, presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

O primeiro leilão específico para compra de energia fotovoltaica foi realizado em 2013 em Pernambuco, quando foram contratados cinco projetos, totalizando 92 megawatts (MW). No ano seguinte, foi feito o primeiro leilão em âmbito federal, que contratou 1.048 MW em 30 projetos. Em 2015 vieram mais dois leilões, com 3,3 mil MW em projetos de grande porte até 2018. Neste ano, serão outros dois, em julho e outubro.

Além dos grandes projetos de geração centralizada, há potencial de 164 gigawatts apenas nos telhados das casas e empresas, que podem ser aproveitados com os incentivos à geração distribuída.

A possibilidade de consumidores gerarem sua própria energia veio com a Resolução Normativa 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 2012, que criou o sistema de compensação de energia. Ele permite que sistemas fotovoltaicos e outras formas de geração de energia renovável com até 5 MW de potência instalados se conectem à rede elétrica de forma simplificada, atendendo o consumo local e injetando o excedente na rede, gerando créditos para o consumidor-gerador. Instalados sobre os telhados, os painéis solares são conectados uns aos outros e ligados a um inversor, que converte a energia solar das placas fotovoltaicas em energia elétrica.

"Nos próximos 15 anos devemos assistir a uma revolução no setor elétrico. A descarbonização, a digitalização e a descentralização serão as palavras que vão nortear o setor", diz Manoel Zaroni, presidente da Engie Tractebel Energia.

O grupo franco-belga é hoje o maior produtor independente de energia do mundo, e está de olho no potencial brasileiro para geração fotovoltaica, tanto na geração distribuída como em grandes usinas. No segmento de geração distribuída, a empresa fez uma joint-venture em abril com a Araxá Energia Solar, dando origem à Engie Solar, um investimento de R$ 24,2 milhões. "No horizonte de dez anos, trabalhamos com a expectativa de ter, em todo o Brasil, um milhão de telhados solares. Temos a ambição de liderar esse mercado, mas seria prematuro dizer qual seria nosso pedaço", diz Rodolfo Pinto, presidente da Engie Solar. A empresa estima que hoje existam entre 2 mil e 3 mil telhados, no país, produzindo cerca de 50 MW de energia fotovoltaica.

A Engie Tractebel Energia aposta também na geração centralizada. No ano passado, a empresa comercializou 9,2 MW no segundo leilão de energia de reserva, em novembro, de seu projeto Assu V, usina fotovoltaica de 30 MW localizada em Açu (RN).

O potencial da geração fotovoltaica também vem sendo acompanhado pela CPFL Renováveis, do grupo CPFL Energia. Desde 2011 a empresa opera a Usina Tanquinho, em Campinas, primeiro projeto voltado à geração fotovoltaica no Estado de São Paulo, um investimento de R$ 13,8 milhões em P&D. Com capacidade instalada de 1,1 MW, a usina gera energia suficiente para abastecer mensalmente 657 clientes com um consumo médio de 200 KWh/mês. De acordo com Alessandro Gregori Filho, diretor de novos negócios da empresa, estão em desenvolvimento outros três projetos na área. "São 600 MW em projetos prontos para participar de leilões", diz.

A indústria de componentes para energia fotovoltaica também começa a ganhar corpo no Brasil. Em meados de junho, a divisão de conversão de energia da multinacional americana GE em Betim (MG) anunciou a conclusão do plano de nacionalização de seus inversores voltados à energia solar e eólica. "A fotovoltaica vai crescer no Brasil, como os leilões de energia e os compromissos assumidos para redução das emissões de gases de efeito estufa do setor de energia", diz Sérgio Zuquim, diretor comercial da GE Power Conversion para a América Latina.

Fonte: Valor Econômico
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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