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Brasiliense reclama que serviço oferecido pela CEB é caro e ruim

Segundo dados da Aneel, ao longo de 2014, a CEB recebeu 353.874 reclamações ao todo, sendo a maioria delas, 342.931, por interrupção do fornecimento


Jurana Lopes  jurana.lopes@jornaldebrasilia.com.br


O novo reajuste na conta de energia elétrica desagradou a maioria da população do DF, que reclama que o serviço oferecido pela Companhia Energética de Brasília (CEB) não condiz com uma tarifa tão alta. Em um ranking feito pela Aneel, em março, comparando as 36 distribuidoras de energia brasileiras, a CEB apareceu na 30ª posição, o que explica a insatisfação e o número de reclamações da população do DF. 

Segundo dados da Aneel, ao longo de 2014, a CEB recebeu 353.874 reclamações ao todo, sendo a maioria delas, 342.931, por interrupção do fornecimento. As outras reclamações mais frequentes se referem a danos elétricos, prazos, atendimento e, apresentação e entrega de fatura.

O brasiliense já estava achando a conta de energia elétrica muito cara desde o início do ano, após a vigência das bandeiras de consumo e o reajuste de 24,1% nas tarifas dos consumidores do DF. Porém, desde a quarta-feira passada, a população do DF passou a pagar mais caro ainda pelo serviço. O reajuste médio, aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), é de 18,36%. Portanto, somente neste ano, o brasiliense passou a arcar com um aumento de 42,46%.

As reclamações variam desde interrupções de fornecimento até erro na fatura ou danos elétricos. E a situação piora no período chuvoso que, aos poucos, se aproxima. Quando chove, o número de reclamações triplica, as quedas de energia ficam mais frequentes e o atendimento aos chamados ficam mais lentos.

Em algumas regiões, como Águas Claras e Vicente Pires, a população sofre com a frequentequantidade de quedas de energia. Para a aposentada Maria Pontes, de 77 anos, o serviço de energia oferecido em Águas Claras é muito ruim. “Aqui falta energia com frequência, às vezes ligo e não sou atendida. Se é pra cobrar tão caro como estão fazendo, deveriam melhorar bastante o fornecimento”, avalia. Maria acha um absurdo um novo aumento na tarifa de energia em menos de um ano.

Problemas afetam a população

A pedagoga Lourdes Vieira, 59, considera o serviço de energia elétrica ofertado no DF muito abaixo do ideal. “Temos muitos problemas com falta de energia, principalmente quando chove, porque sempre acaba a luz e demoram a solucionar o problema. Infelizmente, esse aumento não condiz com o serviço que a CEB oferece. Acho injusto pagar tão caro para ter um serviço ruim, de baixa qualidade”, opina.

Tereza Almeida, 59, dona de casa, acredita que o sistema tem melhorado, mas ainda deixa a desejar. “Quando cheguei a Brasília, não podia chover que a energia acabava. Mas, isso tem melhorado a cada ano. A única coisa que tenho a reclamar é com relação à iluminação pública, que é muito ruim, o que deixa as ruas escuras e sem segurança”, considera.

O aposentado Adalberto Camilo, 80, tem um pequeno comércio e diz que com o aumento da tarifa não tem conseguido ver o retorno de seu investimento. “Ainda bem que esse comércio é só pra passar o tempo, pois tenho aposentadoria. Se fosse depender do que ganho aqui, passava até fome. Os impostos estão muito altos”, relata.

Silvano Vieira, 35, chaveiro, conta que o aumento na energia não é justo, especialmente pelo fato de o serviço oferecido não ser bom. “Foram feitos investimentos. A energia tem acabado com menos frequência, mas acho que não justifica o preço que estamos pagando”, diz.

CEB aponta investimentos no sistema

Em nota, a CEB informou que tem feito os investimentos necessários para a melhoria da rede de distribuição e de atendimento ao cliente, conforme está registrado em um Plano de Resultados apresentados à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em abril deste ano. Segundo a companhia, os problemas de falta de energia no Distrito Federal são isolados e “não são mais rotineiros como verificava-se nos anos anteriores”.

A CEB destacou que os reajustes de energia estão relacionados ao custo de produção, ou seja, ao valor da energia produzida pela geradoras, principalmente às termoelétricas. Outro fator que incidiu consideravelmente nos reajustes, segundo a companhia, foram os encargos setoriais, entre eles a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), estabelecido em lei, e pago pelas empresas de distribuição, cujo valor anual é fixado pela Aneel com a finalidade de prover recursos para o desenvolvimento energético dos estados.

Sobre o período de chuvas, a CEB destacou que mantém ações preventivas, como serviços de podas de árvores e limpeza na rede, para evitar que os galhos toquem nas redes com as ventanias previstas para o período. A CEB esclareceu, ainda, que vem substituindo as redes convencionais por redes compactas, que são isoladas. Essas são menos suscetíveis a ações externas, inclusive descargas atmosféricas.

Ponto de vista

Para o economista Guidborgngne Nunes, o reajuste nas tarifas é compreensível, tendo em vista que o Distrito Federal tinha uma defasagem de aumentos desde 2001. “O aumento é decorrente dos níveis dos rios, que tem diminuído nos últimos anos e com isso, é necessário utilizar a energia das termoelétricas, que é mais cara. O problema da nossa energia elétrica é a parte tributária, que é muito alta, cerca de 40% do valor total cobrado”, explica.

De acordo com Nunes, o serviço ofertado é até satisfatório, mas o ajuste tributário é o que pesa no bolso do consumidor. “O Brasil possui a terceira energia elétrica mais cara do mundo. Tudo por causa da tributação. Mas o reajuste tem um ponto positivo, faz com que a sociedade se eduque e aprenda a economizar”, destaca.


Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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