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O fôlego renovado da crise de energia elétrica (Editorial Econômico)



A bandeira vermelha nas contas de eletricidade, mantida em agosto, revela o custo explícito da falta de chuvas e dos erros da mudança do modelo elétrico adotado há três anos e abandonado em 2014. Se o regime de chuvas vai melhorar, como esperam autoridades e especialistas da área privada, só se saberá em alguns meses.

Mas, além da bandeira vermelha, o consumidor poderá estar sujeito a outros ônus que o sistema elétrico acumula, como o decorrente da diferença entre a energia vendida pelas geradoras e aquela que de fato é entregue - o que provoca um enorme rombo adicional na contabilidade das companhias.

Trata-se do déficit de geração hídrica, coberto com a aquisição, no mercado de curto prazo, da energia prometida em contrato. Estima-se que a diferença possa atingir entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões. Para evitar um problema dessa magnitude, os geradores pretendiam limitar o déficit hídrico ao máximo de 5%, mas ele estaria próximo de 20%, segundo especialistas. Alguns geradores chegaram a acionar o governo na tentativa de se safar desses custos.

O imbróglio é tão grave que as liquidações financeiras do mercado de curto prazo, feitas na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, foram suspensas até segunda ordem. O governo discute com as concessionárias uma solução, transferindo parte do custo para os consumidores.

O rombo total nas contas do sistema elétrico - que poderá superar R$ 100 bilhões e foi em parte financiado com fundos públicos e crédito bancário - começou a ser transferido aos consumidores em 2014 e provocou alta substancial nas tarifas, atingindo famílias e empresas. É também uma das causas da aceleração inflacionária, ao lado da correção de preços administrados como o dos combustíveis e as tarifas de ônibus.

Pelo regime de bandeiras tarifárias, implantado em janeiro, a cada 100 kWh consumidos há um acréscimo de R$ 5,50 na conta do consumidor. A regra obrigou os usuários a economizar. E só por isso contribuiu para maior equilíbrio entre a oferta e a demanda de eletricidade.

Outros fatos dão conta de que a alta do custo da energia que será produzida no futuro já está contratada: o preço máximo do MWh da energia solar, objeto do próximo leilão de energia de reserva, marcado para o dia 28, é de R$ 349, superior em 33% ao do leilão de outubro de 2014.

O que se prevê são contas mais altas para os consumidores.

Fonte: O Estado de S. Paulo
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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