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Obama apoiará atração de investimento no Brasil

A poucas semanas da viagem oficial de Dilma Rousseff aos Estados Unidos, aumentou o ritmo de trabalho na embaixada americana em Brasília. Enquanto ocorrem diretamente com Washington negociações sobre temas que devem gerar anúncios importantes da visita, como ambiente, a embaixadora dos EUA no Brasil, Liliana Ayalde, vê, satisfeita, a reativação dos contatos entre os dois governos, comemora o fim do "período difícil" de afastamento provocado pela revelação de um programa americano de espionagem que monitorou o governo brasileiro e revela a disposição americana em apoiar o Brasil na busca de investidores para o ambicioso plano de infraestrutura anunciado pela presidente Dilma.

Valor: Brasil e EUA já tiveram encontros presidenciais com acordos e iniciativas que não trouxeram os resultados esperados. O que há de diferente desta vez?

Liliana Ayalde: A reunião, não só pelo encontro em si, mas por todo o trabalho de preparação, abre novas possibilidades para o futuro. Estamos tendo muito trabalho. O fato de ter a visita permitiu que as instâncias do governo tivessem uma agenda a cumprir.

Valor: Que temas parados na burocracia ganharam impulso?

Liliana: Temas como o energético... Temos nos reunido nos últimos dois anos nesse tema de energia, mas, agora, as conversas estão ao nível do secretário [nos EUA] e do ministro [no Brasil]...

Valor: Que novidades podemos esperar na área de energia?

Liliana: Teremos novidades, muitos desafios em comum, interesses parecidos, em energia renovável, eficiência energética, que envolvem redes inteligentes de transmissão, uso civil da energia nuclear. Estamos retomando discussões que ficaram inativas.

Valor: A senhora se refere a acordos de investimento americano no Brasil?

Liliana: Isso, investimento, troca de tecnologia, troca de experiências concretas. Fala-se, por exemplo, dos problemas na Califórnia, que também acontecem em São Paulo [com a seca]. Neste momento, os EUA estão economicamente muito bem, em comparação a alguns anos. E o Brasil tem desafios. Precisa de investimentos e queremos apoiar esse processo. Tem uma oportunidade.

Valor: Investimentos em energia?

Liliana: Pode ser em energia, mas também na área comercial, mais amplamente falando. A visita da presidente a Washington vai incluir outras agendas. Não tenho os detalhes, mas sei que ela vai a Nova York, terá apresentações com investidores e também com empresas americanas no tema de infraestrutura. Também vai viajar à Califórnia, onde o tema de inovação e tecnologia, seja em energia, seja em outras áreas, será importante. Estamos vendo de que maneira ajudar e contribuindo com o feedback, quais as características são importantes para tornar o pacote de concessões mais atrativo às empresas americanas, por quê, no passado, não participaram tanto.

Valor: Em que o governo dos EUA pode ajudar nessa atração de investimentos?

Liliana: Por exemplo, no caso da defesa: estamos trabalhando com o ministro [da Defesa] Jaques Wagner, que irá dias antes aos EUA. Ele tem reunião marcada com o secretário [de Defesa, Ashton] Carter, na segunda-feira, dia 29. Quer levar um grupo de empresários da indústria da Defesa. Estamos trabalhando com ele para juntar com representantes da indústria de Defesa americana.

Valor: Os EUA já têm empresas importantes como a Boeing e Lockheed associadas a empresas brasileiras, não?

Liliana: Exatamente, há um grande interesse de nossas empresas aí. Recebo muitas visitas de CEOs ou representantes com interesses em entrar em áreas novas. E isso, com os dois acordos que estão em processo de negociação e esperamos assinar, um de troca de informações sensíveis e outro de cooperação em área de Defesa, vão permitir elevar nosso intercâmbio em áreas muito mais sofisticadas e sensíveis. Já fazemos muito, exercícios militares conjuntos, trocas de pessoal, mas para elevar a outro nível de troca precisamos desses acordos. Tenho encontrado parlamentares brasileiros que me dizem estar prontos para apoiar isso. O que se inicia com essa visita é muito importante, por dar essa oportunidade a nossos dois presidentes de conversar sobre temas diversos de grande complexidade; é uma parceria estratégica de mais alto nível.

Valor: O encontro prevê um acordo de parceria política, não?

Liliana: Sim, temos um mecanismo, o Global Partnership Dialogue, no qual as duas partes, no mais alto nível - o secretário de Estado John Kerry com o ministro Mauro Vieira -, passarão a ter uma agenda de assuntos globais, que pode incluir direitos humanos, nossas operações de paz, como enfrentar a influência do Estado Islâmico e atos de terrorismo, Síria, Irã, temas muito complicados.

Valor: Nos quais, muitas vezes, Brasil e EUA se distanciam...

Liliana: E é importante entender as diferenças e procurar, se pudermos encontrar, mais oportunidades de trabalhar juntos. Mudanças climáticas, pandemias como o ebola. Teremos um mecanismo de conversas periódicas para nos entender e não deixar que eventuais divergências criem problemas nas relações dos dois países. Gostaríamos de procurar maneiras de entrar nesses temas encontrando mais convergências.

Valor: A visita terá menção ao escândalo da espionagem que provocou afastamento dos dois países?

Liliana: A presidente Dilma tem dito que esse tema está superado, e o presidente (Obama) enfatizou que, se tiver alguma necessidade, vai ligar para ela diretamente. O tema está superado, e, por isso, neste momento estamos trabalhando em muitas questões concretas que trazem benefícios aos dois países. Essa é nossa ênfase. Se alguém quiser perguntar, pode levantar o tema, mas não é um ponto de concentração de nosso trabalho para preparar a agenda.

Fonte: VE
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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