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Cresce o número de dívidas não bancárias em atraso no país

Consumidor protela pagamento de contas de água, luz e telefone


Juan Aguiler, na sede do SPC, em São Paulo, onde foi renegociar suas dívidas. Após falência de empresa, dívida de R$ 40 mil - Michel Filho / Michel Filho

SÃO PAULO- A inadimplência não bancária, quando o cliente atrasa o pagamento de carnê de prestações ou conta de água, telefone e luz, registrou o maior avanço em número de dívidas atrasadas, com alta de 13,3% em maio, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados do SPC Brasil. Em igual período, os atrasos junto a bancos subiram 10,11%. Os bancos ainda são os principais credores, com 48,5% do total de dívidas em atraso no país.

- As pessoas deixam de pagar luz, água e telefone, mas pagam os bancos para não terem cortados o cheque especial e o cartão de crédito, já que estão usando esses limites para se financiarem. Só quando chegam ao extremo é que dão o calote nos bancos - diz Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.




CONTA DE LUZ SOMA R$ 4 MIL

O promotor de vendas Alexandre Garcia, de 36 anos, da Vila Prudente, Zona Leste de São Paulo, entrou no programa de renegociação de dívidas da AES Eletropaulo, distribuidora de energia. Perdeu o emprego, acabou atrasando o pagamento por dois anos e, em 2015, viu a tarifa de energia subir 52%. Deve R$ 4 mil:

- Pagava uma conta a cada três meses para não cortarem a luz. Agora, voltei a trabalhar e renegociei o débito em 12 vezes.

José Carlos Reis, gerente de cobrança e arrecadação da AES Eletropaulo, diz que a inadimplência na empresa está estável, atingindo de 2%a 3% dos clientes. Mas vê risco de que ela aumente nos próximos meses.

Nos bancos também existe preocupação com o crescimento da inadimplência este ano. Nos balanços do primeiro trimestre de Bradesco e Itaú, constam aumentos de 25,1% e 29%, respectivamente, no provisionamento para dívidas não pagas, especialmente calotes de grandes empresas. Mas o cliente pessoa física também já entrou no radar.

O peruano Juan Aguilar, 53 anos, morador de São Paulo, deu azar. Após fazer empréstimo de R$ 40 mil no banco para abrir uma microempresa, a firma onde era motorista faliu. Ficou sem emprego e não recebeu seus direitos. Ele não pagou o banco e ficou com o nome sujo.

- Isso foi ano passado. Não tinha dinheiro nem para comprar um peru no Natal. Agora, ganhei um processo contra a empresa e voltei a trabalhar. Posso voltar a pagar o que devo - diz.

Dados do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo ( Ibevar) mostram aumento do comprometimento da renda dos brasileiros, o que pode levar à elevação de dívidas em atraso.

- No primeiro trimestre, pelos nossos cálculos, sobravam 9% da renda para novas compras. Neste trimestre, só sobram 4% - diz Claudio Felisoni, presidente do Ibevar e professor da USP.

Sem sobra no orçamento e com juros em alta, o número de dívidas em atraso deve crescer entre 4,64% e 5,34% em junho, prevê o Ibevar.

Segundo o Banco Central, as famílias brasileiras já atingiram a maior taxa de endividamento desde janeiro de 2005, início da série histórica da pesquisa. Em abril, este endividamento - que leva em conta o total de dívidas das famílias dividido pela renda no período de 12 meses - chegou a 46,30%, ante 46,20% em março.

Preparando- se para avanço da inadimplência, o Procon de São Paulo anuncia para o segundo semestre a ampliação do atendimento de seu Núcleo de Superendividados, hoje presencial, que passará a contar com um serviço via internet.

Fonte: O Globo
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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