MTEC Energia

A geração térmica e a ampliação da oferta de gás



O consumo de gás natural no Brasil vem batendo recordes históricos. Dados recentes do Ministério de Minas e Energias (MME) indicam que o consumo do produto ultrapassou a marca de 105,1milhões de metros cúbicos por dia. É o maior volume registrado desde o início da comercialização de gás no país, há 23 anos. Isso é resultado, principalmente, da maior utilização das usinas termelétricas, que são acionadas para ampliar a oferta de energia elétrica no país.

A participação do gás natural na geração de energia cresceu mais de cinco vezes nos últimos quatro anos no Brasil. Saltou de 10 milhões de metros cúbicos por dia em 2011 para mais 50 milhões de metros cúbicos diários este ano. E a expectativa é de que esse número cresça ainda mais. Prova disso foi a realização do último leilão para contratação de energia até 2020, no qual um grande volume contratado é proveniente das térmicas que funcionam a gás.

Atualmente, o consumo do mercado não térmico é de aproximadamente 55 milhões de metros cúbicos por dia e essa demanda é atendida pelo gás produzido no Brasil e também pelo que é importado da Bolívia. Quando as térmicas são acionadas, a importação de GNL é ampliada para atender a demanda adicional. Por isso, a geração térmica é vista como uma potencial âncora para ampliar a oferta de gás produzido no Brasil.

Ao longo dos anos, a contratação das térmicas movidas a gás ocorreu num ambiente onde a geração de energia por essas usinas era entendida como uma demanda complementar à geração hidrelétrica. Elas eram despachadas apenas em períodos curtos. Mas o aumento do consumo de energia, a partir do segundo semestre de 2012, passou a despachar as térmicas a gás de forma muito mais intensa.

Por isso, ajustes na contratação das térmicas são essenciais para incentivar a ampliação da oferta do gás produzido no Brasil. É preciso entender que o consumo elevado de gás na geração térmica ajuda a "encurtar" o período de amortização dos investimentos em infraestrutura, que são necessários para permitir que a nova oferta produzida em alto mar, distante da costa, seja disponibilizada ao mercado consumidor. Ancorada pela geração térmica, a infraestrutura construída poderia ser utilizada também para ampliar a oferta de gás produzido no Brasil para atendimento dos mercados industrial, residencial e veicular, além de diminuir a importação do produto.

O fato é que um crescimento tão expressivo no consumo deve ser visto com atenção. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), por exemplo, a expectativa é que, nos próximos dez anos, a nossa demanda aumente 47% e a oferta de gás suba 49% por causa do pré-sal. Ou seja: é o momento ideal para ampliar a participação do gás na matriz energética brasileira.

São ideias como essas que serão apresentadas e debatidas hoje e amanhã, na 16ª edição do Seminário sobre Gás Natural, no Rio de Janeiro. Durante dois dias, especialistas brasileiros e estrangeiros vão discutir as questões que envolvem a oferta de gás, a geração térmica, novas tecnologias do setor, desafios de infraestrutura, estocagem e distribuição. Será um importante espaço para a troca de experiências, debate de ideias e soluções que ajudem a desenvolver este mercado de maneira eficiente e sustentável.

Jorge Delmonte é gerente executivo de Gás Natural do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP)


Fonte: Brasil Econômico
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

Postagem Anterior Próxima Postagem