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Setor elétrico é referência em gestão de ativos

A gestão de ativos, como preconiza a norma 55.001, pode sustentar o desenvolvimento de aplicações dos mais diversos setores, em que pese o planejamento estratégico, passando pelo ativo humano, gestão administrativa e financeira, inovações, bens de capital, só para citar alguns



O envolvimento de líderes das concessionárias de energia de todo o País na 3ª edição do Egaese (Encontro de Gestão de Ativos para Empresas do Setor Elétrico), realizado na sede da AES Brasil, em Barueri, São Paulo, na primeira semana de outubro, foi uma mostra do quanto o setor de energia está engajado para aprimorar o desempenho das operações, controlar a exposição ao risco e garantir melhores resultados operacionais.

Associar a gestão de ativos à estratégia das empresas é algo relativamente novo. Só em 2014, um documento-mestre, a série de normas ABNT ISO 55.00x, foi editada. A adoção de suas diretrizes no setor elétrico brasileiro teve as empresas do grupo AES como precursoras e, desde então, em razão de iniciativas de instituições como o Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre), vem sendo difundida e ganhando espaço junto à alta administração em outras empresas de energia.

A Bandeirante (EDP) é uma dessas empresas. Ali, a implantação desde abril de 2016 de requisitos da norma ABNT ISO 55.001, até o momento, retornou uma taxa zero de falha, o que a empresa espera manter até o final do ano. A média anterior era de 1 %, o que em valores monetários representava R$ 2 milhões. Para conseguir essa redução de falhas e custos, a Bandeirante deu especial atenção ao sensoriamento dos transformadores e identificação de sobrecargas. Fez isso instalando sensores nos equipamentos, criando métodos de avaliação para identificar o viés de aquecimento e monitorando os transformadores de potência. O trabalho foi realizado de maneira integrada com a participação dos departamentos de manutenção, operação, proteção e automação.

A experiência da AES, que já possui três empresas certificadas em ISO 55001 (AES Tietê, AES Eletropaulo e AES Sul), para mitigar risco e custo com aumento do desempenho teve foco nos processos técnicos e financeiros. Antes, a empresa levava duas semanas para definir os projetos que seriam levados adiante, ainda que a decisão fosse colegiada. Com a nova metodologia baseada em conceitos de gestão de ativos a decisão não se estende por mais de dois dias.

Outra concessionária que vem se beneficiando com a aplicação dos mecanismos de melhores práticas de gestão de ativos é a Elektro (Grupo Iberdrola), que por meio da gestão de ativos conseguiu melhorar os componentes da rede. A distribuidora criou uma metodologia própria para detecção de falhas e com isso evitou 20 % de DEC/FEC (indicadores coletivos de continuidade, que apontam a duração e a frequência de interrupções), tendo reduzido também 30 % do OPEX/CAPEX (custo de manutenção e custo de aquisição, respectivamente), em 2015. Apesar de ter havido aumento de investimentos em manutenção, a diminuição nos índices aponta que as soluções trouxeram grande benefício.

No caso do setor elétrico, as chamadas dos usuários direcionadas ao call center, informando interrupções no fornecimento de energia, constituem um banco de dados precioso para desenvolver alternativas de gestão que tragam melhorias para a rede. A Cemig já é protagonista no uso dessas informações sob a ótica da gestão de ativos. Também destaca-se a ISA CTEEP (Grupo ISA), que possui uma metodologia própria de gestão de riscos com foco em gestão de ativos.

A gestão de ativos, como preconiza a norma 55.001, pode sustentar o desenvolvimento de aplicações dos mais diversos setores, em que pese o planejamento estratégico, passando pelo ativo humano, gestão administrativa e financeira, inovações, bens de capital, só para citar alguns. Ela é um instrumento poderoso, capaz de revolucionar a maneira como as empresas são geridas.

O setor de energia vem, a passos largos, acumulando conquistas com a implantação da gestão de ativos. E diferencia-se de outros tantos por compartilhar essas conquistas, dividindo experiências e alternativas mais eficientes que podem ser experimentadas no dia a dia das concessionárias. O exemplo representa uma mudança cultural não apenas internamente, pela gestão que equilibra custos e riscos, melhora o desempenho, permite decisões assertivas e criteriosas, promove a aderência de todos os colaboradores e reduz falhas. É também um modelo a ser seguido por outros segmentos de mercado.

Engª Marisa Zampolli, especialista em gestão de ativos, é consultora do Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre) e secretária executiva da ABNT CEE 251 – Comissão Especial de Estudos em Gestão de Ativos da Associação Brasileira de Normas Técnicas responsável pela edição das normas brasileiras de gestão de ativos.

Marisa Zampolli, consultora, Artigos e Entrevistas
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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