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Consumo de energia tem alta pontual

Termômetro. Avanço no consumo de eletricidade em alguns segmentos industriais no mercado livre nas primeiras semanas do mês pode ser sinal de melhora da atividade nos próximos meses


A alta no consumo de energia em alguns segmentos da indústria no mercado livre, mesmo que pontual, pode ser um indício de retomada do setor. Especialistas atribuem o avanço nas primeiras semanas de julho ante 2015 à recomposição de estoques e exportações.

De acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o consumo pelas indústrias de metalurgia e produtos de metal, veículos e manufaturados diversos registrou as maiores altas de consumo neste mês, até o dia 12, ante igual período de 2015.

"O consumo de energia vem sempre depois de investimentos ou retomada dos negócios. Por isso, esse indicador [de energia] reflete aumento de produção para recompor estoques", explicou o economista da Fundação Instituto de Administração (FIA), Roy Martelanc.

Para ele, ainda é cedo para confirmar quais segmentos industriais iniciaram uma retomada de crescimento da produção, embora os indicadores de atividade e consumo já sinalizem algum avanço em certos ramos de atividade.

"Muita coisa pode mudar no País, mas o que vemos agora é uma melhora nas perspectivas sobre a economia, o que pode levar ao aumento da atividade. Mas neste ano não acredito em uma grande reação", disse ele.

Na visão dele, as exportações, que nos últimos meses foram favorecidas pela desvalorização do real frente ao dólar, também ajudam a explicar o aumento no consumo de energia por alguns setores, registrado pela CCEE.

O segmento de veículos, cujo consumo de energia aumentou 6,8% em julho, está exportando mais este ano. No primeiro semestre, os embarques cresceram 14,2% sobre um ano antes, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

"As empresas que exportam podem estar em melhor situação. Mas as recentes mudanças no patamar de câmbio podem reverter essa situação", pontuou. No ano, o dólar acumula recuo de cerca de 17% frente ao real, depois de valorizar 47% em 2015.

Gás

O gerente de planejamento estratégico e competitividade da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), Marcelo Mendonça, também vê a expansão do consumo de gás na indústria, nos dois últimos meses, como sinal de que a produção está avançando.

"Não temos dados específicos por segmento da indústria. Mas o consumo está maior, o que nos leva a crer que estamos saindo do fundo do poço e que esse consumo pode continuar crescendo nos próximos meses", afirmou Mendonça.

O economista da FIA estima um aumento no consumo de energia, como um todo, no segundo semestre devido à demanda industrial sazonal. "A indústria deve elevar a produção para atender a demanda de final de ano. Mas não é certeza, porque as fabricantes ainda temem acumular estoques", observa.

Gargalos

Roy Martelanc destacou que, quando a retomada da atividade industrial se confirmar, o setor produtivo voltará a esbarrar nos problemas de abastecimento de energia vistos em anos anteriores. "Apesar do avanço de projetos que ajudaram em alguns problemas de infraestrutura, as deficiências persistem", diz o economista.

Já o representante da Abegás vê nos gargalos do abastecimento de energia no País, uma oportunidade para o setor de gás. Ele aposta no retorno da demanda pelo combustível para geração termelétrica para complementar a matriz energética brasileira quando a atividade voltar a rota de crescimento.

"O setor de gás tem capacidade para atender um aumento de consumo elétrico no Brasil, mesmo em um cenário de atividade industrial aquecida e baixa geração hidrelétrica", avaliou Mendonça. Nem o recente desligamento das termelétricas deve prejudicar o desempenho do mercado de gás, afirmou ele.

A mesma avaliação foi feita pelo sócio da área de óleo e gás da consultoria KPMG, Anderson Dutra. Segundo ele, o principal reflexo do desligamento das termelétricas é a redução no consumo de gás importado da Bolívia. "Mas isso não deve fazer o gás perder espaço como uma das principais fontes da matriz brasileira. Principalmente porque o setor deve atrair novos aportes nos próximos anos."

De acordo com Dutra, o Brasil ainda depende muito da fonte hidrelétrica e os reservatórios não estão nos níveis ideais. "Se tivermos outra seca, as térmicas seguem como uma das principais alternativas e não vejo as outras fontes de geração como eólica e solar avançando o suficiente para complementar a matriz energética", disse ele.


Fonte: DCI
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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