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Mesmo com crise, microgeração avança e ajuda a reduzir custos


O alto custo da conta de energia levou a empresa de cosméticos DiColore a investir R$ 120 mil em um sistema de microgeração.

Com 35 funcionários e faturamento anual de R$ 18 milhões, a fabricante e distribuidora de cosméticos de Brusque (SC) já era adepta de ações sustentáveis, como a reciclagem de papéis e plásticos e o aproveitamento da água da chuva.

Ao instalar 80 placas no telhado da fábrica com 2,2 mil metros quadrados de área construída em agosto de 2015, a companhia tornou-se a primeira no município a aderir à energia solar fotovoltaica.

O investimento garantiu a produção de potência instalada de 21,06 kWp. "Estamos satisfeitos e pretendemos recuperar o capital investido em quatro anos", conta o diretor Charles Becker. Segundo ele, a instalação foi rápida. "A obra demorou 20 dias porque decidimos colocar uma estrutura metálica sobre o telhado para poder aproveitar melhor o sol, senão teria sido mais rápido ainda", conta.

Fornecedora do sistema utilizado, a Quantum Engenharia, de Florianópolis (SC), acredita na expansão da microgeração em todo o Brasil. Segundo o gerente comercial da empresa, Ruy Tiedje, estimativas oficiais preveem entre 1 milhão e 1,2 milhão de instalações de geração distribuídas em todo o Brasil até 2024. "No litoral norte de Santa Catarina, com uma das piores condições de insolação do País, temos 40% mais sol que na Alemanha, ou seja, o negócio é muito vantajoso", defende o engenheiro, citando um dos países referência em geração de energia solar.

Conta mais barata

Na DiColore, a conta de energia elétrica foi reduzida em quase R$ 1.100,00 em abril de 2016, em comparação com abril do ano anterior. Em junho, quando a geração foi de 2.260 kWh, a fatura paga à distribuidora local, a Celesc, foi de R$ 1.055,03 pelos 2.038 kWh comprados, enquanto em abril de 2015 a conta somou R$ 2.151,89 por 3.068 kWh consumidos. O cálculo que prevê o retorno do investimento, no entanto, é mais complexo e inclui tanto projeções de consumo quanto possíveis altas na tarifa cobrada, que no período foi 8,7% superior.

De acordo com Tiedje, as instalações de geração distribuída são um bom negócio para os clientes da categoria B3 das concessionárias, que se enquadram nas tarifas de energia mais caras. "Entre as empresas, estão comércios e pequenas indústrias com consumo mensal acima de 150 kWh. Há uma combinação de custo de instalação por quilowatt que compensa o investimento. Para medir isso, fazemos estudos que consideram esses valores dos equipamentos, a insolação e as tarifas cobradas." Ele destaca que, entre os clientes da Quantum, há supermercados, academias e postos de gasolina, além de residências de alto padrão, os primeiros a adotar o sistema.

Segundo Tiedje, o mercado ganhou corpo com esse público - residências de classes A e B com consciência ambiental -, mas a tendência é de ampliação maior entre empresas. "Neste mês estamos instalando 12 placas fotovoltaicas em uma academia de ginástica em São José, na Grande Florianópolis. Eles vão investir R$ 95 mil em um sistema de 12 kWp. Com isso, terão economia de 40% na conta de energia, que atinge cerca de R$ 6 mil mensais durante o período de verão", completa.

O presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, concorda que o cliente comercial ou o prestador de serviço ligados à rede de baixa tensão são grandes candidatos a adotar a energia fotovoltaica. "A recomendação para esse público é sempre buscar empresas especializadas, que vão avaliar o potencial que cada negócio possui para receber o equipamento, que nem sempre precisa ser instalado no telhado. Temos mais de 125 associados à Absolar que fazem cotações", explica.

Sauaia destaca o benefício de os equipamentos de energia solar serem modulares. "O empreendimento pode começar pequeno e ir se ampliando, conforme a disponibilidade de recursos. Há cotações a partir de R$ 7,5 mil", salienta.

Conta mais barata

Outras vantagens são a garantia de 25 anos oferecida pelos fabricantes, as linhas de financiamento disponíveis, a pouca necessidade de manutenção e a maior previsibilidade de gastos com energia, diz Sauaia, lembrando dos aumentos contínuos nas tarifas de energia elétrica em todo o País. "Quem investe ganha competitividade e valorização da marca, pela melhoria da qualidade do meio ambiente, valor intangível e importante", afirma.

Para o ex-vice-presidente da Eletropaulo e consultor da organização internacional Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), Cyro Bocuzzi, a regulamentação do setor foi essencial para a decisão de pequenas e médias empresas investirem em geração. A pouca burocracia é outro facilitador. A Prefeitura de São Paulo, por exemplo, não exige licenciamento para a instalação de equipamentos. "Para incentivar esses investimentos, vários estados decidiram isentar o ICMS sobre o uso dessa energia", diz.

Segundo a Absolar, houve crescimento de 313% no mercado de micro e minigeração em 2015, com 1.754 sistemas instalados. O negócio segue em alta em 2016, com 2.632 instalações no primeiro semestre.

Fonte: DCI
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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