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Reduzir a conta de luz é fácil e o bolso agradece

Empresas, residências e órgãos públicos buscam alternativas para fugir dos altos custos da energia. Simples troca de lâmpadas pode diminuir fatura em 50%


Diante dos reajustes assustadores nas faturas de energia elétrica do ano passado, qualquer redução de custo vale ouro. E as alternativas para economizar eletricidade vão muito além dos simples atos de retirar eletrodomésticos das tomadas ou de apagar as luzes. Medidas de eficiência energética, como trocar lâmpadas convencionais por LED, ou a instalação de painéis fotovoltaicos nos telhados, podem reduzir a conta em mais de 50% ou até mesmo fazer com que os consumidores obtenham crédito com as concessionárias.

Dados da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) apontam que o Brasil desperdiça, aproximadamente, 53 terawatts-hora por ano. Este montante representa perda anual de R$ 22 bilhões, o equivalente a 60% de toda energia produzida por Itaipu por ano ou, ainda, todo o consumo de Pernambuco e Rio de Janeiro em 12 meses. Existe, portanto, espaço para uma economia de 10% no consumo geral de energia do país, sendo 15% no residencial, 6,2% no industrial, 11% no comercial e 10% em outros setores.

Várias empresas e órgãos públicos aproveitam o espaço possível de economia e estão trocando lâmpadas convencionais por LED. Felipe Martins, especialista em eficiência energética e sócio-diretor da LedLuxe, explica que, dependendo do modelo das lâmpadas e do projeto, é possível reduzir em até 50% a conta de luz. 'Atendemos vários órgãos públicos e 12 mil escolas com iluminação sustentável. Há economia também na manutenção, porque as lâmpadas de LED têm durabilidade de até 10 anos", explica. Além disso, é possível jogá-las no lixo comum, porque não têm mercúrio, cádio e chumbo, presentes nas fluorescentes, que geram custo extra no descarte.

A troca propicia ainda, em ambientes residenciais, economia com o uso de reatores, já que o sistema de LED não usa esses aparelhos, que custam, cada um, R$ 50, e têm cinco anos de duração. A lâmpada fluorescente tubular, de R$ 2,50, necessita ser trocada a cada dois anos. As de LED são mais caras, mas compensam pela qualidade. "A substituição garante a mesma luminosidade, com baixo consumo e maior durabilidade", explica Martins, responsável pelo projeto no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).

Microgeração
Para o engenheiro Felipe Resende, supervisor de manutenção elétrica do TJDFT, o projeto-piloto realizado em uma pequena parte das dependências do órgão garantiu economia mensal de R$ 2,3 mil na fatura de energia. "Como temos 100 mil lâmpadas, estamos fazendo a troca de forma escalonada, para não gerar um descarte excessivo das fluorescentes, já que o custo é de R$ 0,50 por unidade para dispensá-las", diz.

No primeiro pregão eletrônico realizado para o projeto-piloto, há três anos, Resende comprou as lâmpadas LED por R$ 200. Atualmente, estão custando R$ 40. "Então, a economia das próximas fases foi maior", diz. Além de reduzir o consumo de energia, que, no TJDFT, resulta em uma fatura de R$ 18 milhões por ano, a troca permitirá redução nos gastos com manutenção. "Como o pé direito dos plenários é elevado, cada troca de lâmpada exige a construção de andaimes e muita mão de obra. Como a duração da LED vai de 25 mil a 50 mil horas, esses gastos também serão reduzidos", calcula.

Outra opção econômica é a energia solar com painéis fotovoltaicos. Desde o início de março, resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ampliou as vantagens da microgeração distribuída e espera, com isso tomar o investimento mais atrativo para os consumidores. A regulamentação brasileira não permite porém comercializar eletricidade. Basicamente além de gerar energia para consumo próprio quem produz excedente passa a deter créditos com a distribuidora e pode dividi-los com outros consumidores.

Retorno
Representante de Solar Grid no Distrito Federal, Luciano Guará explica que a durabilidade dos equipamentos é de 25 anos. Por isso, o retorno é garantido. "Sem considerar os aumentos de energia, o investimento se paga em sete anos. Com os reajustes, esse prazo cai para quatro anos, porque o consumidor não ficará suscetível aos aumentos. A conta 68,21% 9 meses R$ 698,58 R$ 8.382,97 6,28 anos R$ 6,28 dele será tratada em kW e não mais em reais", destaca.

O advogado Julião Coelho, 37 anos, ex-diretor da Aneel e especializado no setor de energia elétrica, investiu pesado em painéis solares. Além de garantir sombra para os carros dos funcionários do escritório, no Lago Sul, encheu o telhado do estacionamento com 48 placas fotovoltaicas. O investimento custou R$ 80 mil, mas vai assegurar o suprimento de energia do escritório e da residência dele. "Gasto R$ 1,5 mil nas duas contas. Vou zerar esse custo. Em seis anos, o que eu terei economizado paga o equipamento", afirma.

Coelho ressalta que os custos já foram mais altos. "Quanto mais pessoas instalarem os painéis, mais baratos eles ficarão. Mas precisaríamos de uma desoneração fiscal para estimular esse ganho de escala. Ainda existem muitos tributos que incidem sobre esse tipo de produto", alerta.

Cuidados importantes
No setor privado, que não necessita de licitações e pregões eletrônicos para buscar fontes mais baratas de eletricidade, a troca de equipamentos para reduzir custos é mais ágil. A AMX Brasília, empresa especializada em projetos luminotécnicos, realizou várias trocas em shoppings, templos de igrejas e estabelecimento comerciais. Márcio Simas, sócio-diretor da AMX, explica que os cálculos para realizar um projeto levam em conta o fluxo de caixa da empresa. "Existem linhas de financiamento nas quais a empresa vai pagar a primeira parcela do projeto, já economizou em energia valores até mesmo superiores", conta.

No Águas Claras Shopping, onde a AMX trocou a iluminação da praça de alimentação e de uma das entradas, a economia total chegará a R$ 43 mil e o período de retorno do investimento será de apenas nove meses. 'Além do gasto menor na conta de luz e na manutenção, a iluminação do local fica muito mais limpa e agradável", diz Simas.

O especialista alerta que, para fazer a troca nas residências, o consumidor precisa ficar atento a alguns detalhes. "Em primeiro lugar, é preciso observar os selos Inmetro e Procel nos produtos. Há muita lâmpada chinesa no mercado que não atende as especificações e não dura muito", alerta. Outro ponto que merece atenção é a potência. Na troca de lâmpadas incandescentes de 60 watts (W), a LED correspondente é de 5W. "Na substituição das eletrônicas, o cálculo é a metade. Por exemplo, uma LED de 10 ou 11W é suficiente para preservar a mesma iluminação de uma eletrônica de 22W", ensina.

Incentivos
A economia numa residência, esclarece Simas, será de 65% do gasto com iluminação. "O consumidor precisa saber que essa parte corresponde a 30% da conta de luz, o restante é chuveiro, ar-condicionado e eletrodomésticos. Portanto, a economia de 65% será sobre os 30% da iluminação", orienta. Mas o ganho também vai ocorrer na manutenção, com menos troca de lâmpadas. 'A LED dura seis vezes mais do que a eletrônica e 20 vezes mais do que a incandescente", compara.

Na opinião de Mikio Kawai Jr., diretor da Safira Energia, os consumidores não devem se furtar de buscar fontes de energia mais baratas. "Algumas distribuidoras elevaram as faturas em até 100%. Não há orçamento que resista", diz. Para Mauro Passos, presidente do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas (Ideal), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deveria dar mais incentivos às empresas e às residências para reduzirem os gastos. (SK)


Fonte: Correio Braziliense
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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