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Cidades pequenas atraem projetos

Investidores procuram reservar espaço para expansão futura de capacidade instalada


Para o Valor, de São Paulo

Antes de decidir onde vão instalar seus datacenters, as empresas consideram a disponibilidade de energia elétrica, a proximidade com redes de telecomunicações e até incentivos fiscais oferecidos nas cidades. Embora os centros de dados ainda se concentrem em grandes capitais, há um movimento de migração para municípios menores das regiões metropolitanas, em busca de mais áreas livres.

"Apesar da compactação da infraestrutura das unidades, é esperado um crescimento percentual acima de dois dígitos, ao ano, dos espaços físicos, impulsionado por contratos de cloud computing", afirma Edson Siqueira, vice-presidente de vendas da Fujitsu do Brasil, que fornece produtos e serviços para datacenters. Para Eduardo Carvalho, presidente da Equinix, da área de serviços de datacenter, o mercado injeta recursos na consolidação dos espaços, para diminuir gastos com equipamentos, memória e redes. A empresa tem quatro centrais de dados, no Rio de Janeiro e em São Paulo, que somam quase US$ 80 milhões em investimentos, desde 2011.

O setor também observa uma tendência de mudança das centrais para cidades menores, em busca de recursos tecnológicos e aluguéis mais acessíveis. "Os serviços ainda estão concentrados no eixo Rio-São Paulo, mas estamos estudando a entrada em outras regiões", diz Carvalho.

Em 2013, a Equinix inaugurou um datacenter na Zona Norte da capital fluminense, para atender clientes dos setores de óleo e gás, financeiro e de conteúdo digital, além de negócios ligados à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016. "Esses eventos exigem que as multinacionais expandam seus recursos de TI."
Por enquanto, segundo o executivo, a região Sudeste é a que mais absorve contratos no Brasil, por conta da concentração de grandes clientes. "Apesar disso, há demanda para a terceirização de parques tecnológicos no Nordeste, em cidades como Fortaleza (CE) e Recife (PE); e no Sul, em Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS).
Edilson Braga, coordenador de TI da Algar Tech, empresa de serviços de TI com três datacenters no país, afirma que há uma diminuição das metragens nas unidades, por conta do aumento da eficiência energética e da densidade de carga dos equipamentos, puxada pela evolução dos servidores.

"Estamos vivendo uma fase de crescimento da capacidade de processamento e da quantidade de processadores por máquina", explica. Nos últimos dez anos, um rack com 36 a 40 servidores representava demanda em torno de 5 quilowatts (kW). Hoje, essa potência chega a 8 kW por unidade. A tendência para a próxima década, segundo Braga, é que a potência atinja 15 kW por equipamento.

Mesmo assim, uma das preocupações dos provedores é instalar datacenters em locais com folga para expansão. "Como os investimentos são altos, as empresas optam por projetos modulares, que permitem novos aportes em sintonia com a demanda." Na hora de escolher o melhor lugar para erguer uma unidade, Braga diz que a decisão obedece a critérios técnicos e financeiros. O ideal é instalar as centrais em locais próximos ou até 50 quilômetros dos clientes, das redes das operadoras de telecomunicações e de fontes de energia. "Os municípios menores, mais próximos das regiões metropolitanas, são as soluções mais viáveis para novos projetos", diz o executivo da Algar, empresa que mantém três datacenters em Uberlândia (MG) e Campinas (SP), com investimentos de R$ 95 milhões.

Em São Paulo, as cidades mais procuradas, além de Campinas, são Barueri, Santana do Parnaíba e Jundiaí. "As companhias também consideram os incentivos fiscais oferecidos pelas prefeituras", diz Braga. No caso da Algar, pesou na escolha a proximidade com aeroportos. A Ativas preferiu Belo Horizonte (MG), por conta de garantia de espaço para futura expansão. "O local é alimentado por duas subestações com capacidade de endereçamento de até 20 mega-volteres (MVA), suficiente para abastecer uma cidade de 150 mil habitantes", diz o superintendente de tecnologia Daniel de Oliveira Magalhães, com clientes como Unimed-BH e Light.
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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