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Cadeia de suprimentos para geração eólica tem espaço para ser duplicada

aerogerador WEG - foto: divulgação


A cadeia nacional de suprimentos do segmento de geração de energia eólica já superou a maioria das dificuldades apresentadas por um mercado incipiente e está pronta para se expandir, garantem especialistas e empresários do setor elétrico.

O País está passando agora por um processo de consolidação do segmento de fornecedores para as turbinas e pás, afirma a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum.

De acordo com a dirigente, o setor pode crescer em ritmo semelhante ao de aerogeradores, que deve dobrar nos próximos três anos.

"O mercado eólico ainda está em desenvolvimento no País e faltava muito conhecimento sobre as tecnologias necessárias aos equipamentos", lembra a executiva. "Mas nós conseguimos ultrapassar esse momento e temos hoje nove fornecedores de turbinas, que puxam o crescimento da cadeia de peças", diz.

Elbia conta que o Brasil tem importado tecnologias para aumentar a competitividade da sua energia eólica e hoje a produção do País é a mais competitiva do mundo. "Nós temos o recurso vento e uma demanda por eletricidade que independe do crescimento econômico do País. A única coisa que precisamos, agora, é de investimentos na indústria produtiva", avalia.

Segundo estudo da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), os principais gargalos do fornecimento nacional de bens e serviços para o segmento eólico estão na falta de fábricas de chapas, anéis, núcleos magnéticos e materiais para as pás. A entidade sugere o investimento em teares, reatores e misturadores para facilitar a produção brasileira de suprimentos.

A pesquisa lista ainda as principais oportunidades para a produção de insumos eólicos no País, que incluem resinas, tecidos de fibra, flanges forjadas, torres de concreto, e geradores. Considerando a previsão de crescimento anual do setor, a ABDI aponta para uma demanda de 950 aerogeradores por ano, cada um com três pás e todos os componentes necessários. Como potenciais centralizadoras das fábricas, a agência sugere as regiões Nordeste e Sul, mais próximas dos maiores parques.

No entanto, segundo o diretor da Investe São Paulo, Sérgio Costa, o estado já percebeu que pode fazer um esforço para concentrar a cadeia de suprimentos para geração elétrica. Ele garante que o governo estadual passou a entender melhor nos últimos tempos as necessidades dos empresários e que agora os paulistas poderão assistir a um crescimento do número de fábricas fornecedoras de máquinas e equipamentos no território.

Dentro dessa expectativa, a Kaydon, empresa do grupo SKF, anunciou ontem o lançamento de sua unidade de produção de rolamentos industriais para instalação em geradores eólicos em Cajamar, na região metropolitana da capital. A companhia investiu US$ 22 milhões na nova fábrica, que tem capacidade para produzir até cinco conjuntos por semana. Em termos energéticos, o equipamento poderia gerar até 800 megawatts (MW) anuais de capacidade.

Embora a inauguração tenha ocorrido um dia após a agência de ratingStandard & Poor's ter tirado o grau de investimentos do Brasil, o presidente da SKF no País, Claudinei Reche, se diz confiante. Em sua avaliação, o apelo sustentável da energia eólica e a projeção de investimentos futuros na fonte devem garantir a demanda pelos produtos. Ele citou até a possibilidade de estender a produção semanal da unidade para oito conjuntos, com a introdução de um terceiro período de trabalho.

Para o gerente-geral da divisão de energias renováveis da General Electric (GE) na América Latina, Jean-Claude Robert, um dos grandes gargalos do suprimento brasileiro de peças até pouco tempo atrás estava na falta de um fornecedor de rolamentos. Equacionado esse problema, ele informou que hoje a empresa já possui em todas as suas turbinas os níveis mínimos de conteúdo local exigido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).



Fonte: Jornal DCI - 11/09/2015
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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