MTEC Energia

Aposta em microgeração



O sistema de geração de energia por meio solar tem sido um caminho de moradores do Distrito Federal para reduzir a dependência do serviço público de energia elétrica. O DF tem apenas 34 projetos em funcionamento e a maioria está localizada em regiões como Plano Piloto, Lago Sul e Lago Norte. De acordo com Celso Nogueira, técnico da Gerência de Análises de Projetos e Vistorias da CEB, além dos que estão em operação, 16 projetos foram aprovados e aguardam montagem, e há 11 em análise. "A microgeração ainda não deslanchou como deveria. O que adia é o custo. O inversor e as placas são importados e a carga tributária é muito elevada", explica. A distribuidora com mais projetos de microgeração no Brasil é a de Minas Gerais (Cemig), que conta com mais de 100 instalações em todo o estado.

A microgeração de energia elétrica com sistema de crédito está regulada desde 2012 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Além da demora na regulamentação, os altos custos de instalação - que podem variar de R$ 20 mil a R$ 70 mil, a depender da quantidade de placas - e a falta de incentivo de crédito são apontadas por especialistas e usuários como entraves para a operação ganhar escala. Em países como a Alemanha, a microgeração via energia solar corresponde a 10% da geração energética total do país.

Na microgeração, as placas geram energia elétrica e o excedente é jogado na rede da distribuidora por um inversor bidirecional, uma vez que no Brasil não é admitido o armazenamento de carga. Dessa forma, o projeto precisa ser aprovado pela concessionária local. O processo entre a assinatura do contrato e a instalação do inversor e das placas demora de 60 a 90 dias. A CEB tem 30 dias para analisar o projeto e mais três para vistoriar a instalação pronta. A força jogada na rede elétrica vira crédito para o morador. Esse sistema é diferente das placas solares usadas para aquecimento de piscinas e chuveiros.

Embora a demanda ainda esteja abaixo da potencialidade de uso da energia solar, o empresário Felipe Tadeu Stemler, 27 anos, dono da Smartly Energia Solar Fotovoltaica, conta que a procura pelo serviço aumentou em 80%. "Temos dois anos de empresa, dos 13 clientes fechados, 11 foram só este ano", calcula. Para Felipe, faltam linhas de crédito para o consumidor final para impulsionar o uso da microgeração solar no Brasil. "A incidência solar no Brasil e no DF é muito boa. É possível estimar bem quanto pode ser gerado de energia."

Dono de um posto de gasolina, Guilherme Coelho, 28 anos, instalou há menos de um mês 40 placas solares para que o posto fique autossuficiente em energia. O empresário comenta que pensou durante um ano sobre o investimento, mas as contas de luz mensais acima de R$ 1 mil preocuparam. "Todo mês a fatura subia, e as notícias de que ia reajustar mais me fizeram investir na microgeração", comenta. Guilherme investiu R$ 70 mil e espera resgatar o valor em cinco anos. "Energia tem um peso significativo. Consigo ter um funcionário a mais por causa da economia de energia", calcula. A ideia de Guilherme é só pagar a taxa mínima da CEB e colocar microgeração em outro posto de sua propriedade, em Luziânia (GO). "Agora, eu escuto: 'crise hídrica no país', 'vão ligar as térmicas', 'vai ficar mais caro', e já não me preocupo", afirma. Em 16 dias, o sistema de Guilherme gerou 585kW/h e ele consumiu 340kw/h, devolvendo 245kw/h para o sistema.

Sistema de compensação

Durante o dia, quando a geração fotovoltaica é maior que o consumo de eletricidade do estabelecimento, a energia excedente é injetada na rede elétrica. Quando o consumo da edificação é maior do que a produção, à noite, por exemplo, o consumidor será atendido pela CEB, que debitará a energia fornecida dos "créditos" que o consumidor havia injetado na rede. No fim do mês, o usuário paga apenas a diferença entre a energia consumida e a produzida. Se em um determinado mês a energia produzida for maior que a consumida, o cliente tem o direito de gastar a energia que sobrou nos meses subsequentes, num prazo máximo de 36 meses.

Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

Postagem Anterior Próxima Postagem