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Elétricas retomam confiança do mercado

A melhora no cenário de chuvas, que afastou o risco de racionamento, e principalmente as mudanças regulatórias para incentivar investimentos estão dando fôlego às ações do setor elétrico. Após dois anos conturbados, os investidores parecem finalmente ter se convencido de que a pior parte da crise iniciada em 2012 ficou para trás.

Neste ano, o Índice de Energia Elétrica (IEE) acumula alta de 11,64%, contra valorização de apenas 2,93% do Ibovespa, índice de referência da bolsa brasileira. E os analistas de mercado seguem apostando no bom desempenho do setor, em meio às oportunidades trazidas pela crise de abastecimento.

Em relatório recente, o Citi recomendou o aumento à exposição ao setor elétrico. "Após atingirem as mínimas, a postura de aumento dos retornos regulatórios a partir deste ano e aumento nos preços da energia devem fazer com que os resultados tenham uma forte recuperação", disseram os analistas do banco.

A percepção é que o governo reconheceu os erros que resultaram na crise energética recente e agora está mais disposto a oferecer preços maiores para garantir o abastecimento do país. "A resistência inicial à abordagem de que 'as coisas podem ficar melhores' do começo do ano se transformou em uma melhor aceitação das teses de investimento e maior respeito ao 'mea culpa' dos reguladores", ressaltou o BTG Pactual em boletim.

A maior parte da alta do índice no ano foi garantida pela Eletropaulo, cujas ações preferenciais praticamente dobraram, com valorização de 95,7% em relação ao fim do ano passado. A disparada dos papéis refletiu a postura de "realismo tarifário" e o aumento na taxa de retorno para as distribuidoras no quarto ciclo de revisão tarifária, que, no caso da empresa, passou a valer no dia 4.

Com o forte avanço, os analistas reconhecem que não há muito mais espaço para altas no caso da Eletropaulo e, em sua maioria, recomendam a venda do papel. Mas sinalizam que, para outras empresas do setor, o potencial de valorização ainda é relevante.

É o caso da CPFL Energia, cujas ações acumulam alta de 8,83% no ano. "A CPFL Piratininga tem revisão tarifária em outubro, e esperamos que o impacto líquido sobre os resultados seja positivo", disse o Citi, que elevou a recomendação dos papéis para a compra.

Outra queridinha é a Energias do Brasil, controladora das distribuidoras Escelsa (ES) e Bandeirante (SP), que passam por revisões tarifárias até 2016. Os papéis da empresa acumulam alta de 39,6% no ano, mas ainda figuram entre as preferidas do Citi. O BTG também aposta nos papéis da distribuidora Equatorial, apesar de alta de mais de 35% desde o começo de 2015.

No segmento de geração, a avaliação é que os maiores preços-teto oferecidos pelo governo nos leilões de energia nova vieram para ficar. O Citi já revisou sua curva de preços: prevê agora que o megawatt-hora (MWh) fique, em média a R$ 250 em 2016, e a R$ 160 nos três anos seguintes - 12% acima da estimativa anterior.

Entre as geradoras, a Tractebel é a favorita. A companhia, que acumula alta de 10,1% na bolsa neste ano, têm bastante exposição à geração termelétrica, maior aposta do governo neste ano para garantir a oferta de energia. "Os melhores prospectos para o déficit de geração hídrica em 2016 e novos projetos devem impulsionar os resultados", disse o analista Marcelo Britto, do Citi.

O Goldman Sachs, por sua vez, incluiu as ações preferenciais da AES Tietê entre suas preferidas na América Latina. "Em um ambiente de aumento dos preços de geração, vemos a companhia como a melhor posicionada para se beneficiar do potencial de alta nos preços da energia nos próximos meses", disse a equipe do banco.

No mês passado, a empresa anunciou uma reestruturação societária e a intenção de investir em projetos térmicos, o que pode incluir a compra dos ativos da Petrobras no setor, que estão à venda. O preço-alvo estimado pelo Goldman Sachs para os próximos anos 12 meses passou de R$ 20 para R$ 23,5 - ontem, o papel fechou o dia cotado a R$ 18,68, com alta acumulada de 5% no ano.

Fonte: Valor
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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