MTEC Energia

Rede inteligente na mira das distribuidoras

No país, 14 de um total de 63 empresas do segmento desenvolvem smart grids. Falta de incentivos e alto custo ainda são obstáculos



Das 63 distribuidoras de energia existentes no país, pelo menos 14 desenvolvem projetos de smart grids, redes inteligentes em que a tecnologia da informação viabiliza outros serviços além do fornecimento da eletricidade. Só o Grupo Eletrobras assinou em fevereiro contrato para a instalação de 110 mil pontos inteligentes, distribuídos por seis estados do Norte e Nordeste. Outras oito iniciativas estão espalhadas pelas regiões Sudeste, Sul e Nordeste.

Em 2013, havia 1,2 milhão de residências conectadas a redes inteligentes no Brasil, segundo levantamento da consultoria Frost & Sullivan, que projeta para 2018 um total de 15 milhões de domicílios atendidos. Apesar das estimativa de uma expansão acelerada, o mercado brasileiro (e o latino-americano) ainda compram poucos medidores digitais de consumo de energia. O aparelho é peça fundamental nas smart grids. "Nos Estados Unidos, 75% das compras de novos medidores pelas distribuidoras são de unidades inteligentes, enquanto na América Latina 85% ainda são medidores básicos", compara Emerson Souza, diretor da Divisão de Eletricidade da Itron para a região. A companhia americana fornece equipamento e software para a montagem e gerenciamento de redes inteligentes.

Mais que oferecer novos serviços no futuro - como monitoramento doméstico, automação residencial e acesso à internet - as distribuidoras brasileiras estão focadas em diminuir as perdas por fraude e furto de energia. No país, as chamadas perdas comerciais (decorrentes principalmente de furtos e fraudes) alcançaram no ano passado 5,63% da energia injetada no sistema global pelas distribuidoras brasileiras, de acordo com dados da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).

No caso da Eletrobras, um primeiro projeto-piloto começou a ser desenvolvido em Parintins (AM). A distribuidora local - Eletrobras Amazonas Energia- amargou no ano passado perdas de 37,6%, segundo informações da Abradee. Até setembro do próximo ano, está prevista a instalação pela Itron de 110 mil pontos de medição digital no Amazonas, no Acre (na rede da Eletroacre), Rondônia (Ceron), Roraima (Bovesa), Piauí (Cepisa) e Alagoas (Ceal), conta Emerson Souza. "As redes inteligentes estão sendo instaladas nas capitais, em áreas densas, com perdas altas", acrescenta o executivo.

Além dessas iniciativas, há projetos em execução no Ceará (Coelce), em Pernambuco (Celpe), no Rio de Janeiro (Ampla e Light), em Minas Gerais (Cemig), em São Paulo (AES Eletropaulo e EDP Bandeirantes) e no Paraná (Copel). "Atualmente, a operação do sistema elétrico é muito dependente de telecomunicações. A detecção de falhas, envio de equipes a campo, operação remota de equipamentos, dentre outros, depende de comunicação. Como essa dependência aumenta a cada dia, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) tem buscado entender quais são as novas demandas dos agentes do setor elétrico por telecomunicação", diz Carlos Alberto Mattar, superintendente da agência para a área de Regulação dos Serviços de Distribuição. "Em alguns momentos, a Aneel deve conversar com órgãos responsáveis pelo setor de telecomunicações, tais como Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e Ministério das Comunicações."

Na avaliação de José Gabino Matias dos Santos, assessor técnico da Abradee, a falta de uma regulamentação que incentive os investimentos em smart grids e o alto custo da tecnologia utilizada são dois fatores que tendem a frear o desenvolvimento das redes inteligentes no país. "Em todos os países onde o smart grid foi implementado, houve uma definição de governo", afirma Santos. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Escritório de Distribuição e Confiabilidade de Energia, do Departamento de Energia, recebeu em 2009 verba de US$ 4,5 bilhões para odernização do sistema elétrico nacional. Na Itália, a gigante do setor de energia Enel já manifestou interesse em tornar sua infraestrutura disponível para cabos de fibra ótica, aproveitando o fato de que nos próximos quatro anos vai instalar para seus clientes novos medidores inteligentes. Mas não vai oferecer serviços de banda larga.

"Tem players no mercado de telecomunicações e internet que apostam no smart grid como centro nervoso da casa conectada", afirma Renato Pasquini, diretor de Tecnologias da Informação e Comunicação para a América Latina da Frost & Sullivan.


Fonte: Brasil Econômico
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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