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'Rei' dos condomínios de Miami aposta alto no Brasil

Por Robbie Whelan | The Wall Street Journal

Jorge Perez, o empresário conhecido como o "rei dos condomínios" de Miami, lançou no fim de 2013 seu primeiro projeto de condomínio no Brasil, um conjunto de cinco edifícios em São Paulo conhecido como Parque Global.

Menos de seis meses depois, o diretor-presidente do Related Group, uma incorporadora que tem sede na Flórida, já deu início ao seu segundo empreendimento brasileiro: o V:House, um pequeno condomínio cujas vendas começam neste fim de semana.

Apesar da desaceleração da economia brasileira, os investidores americanos apostam que o mercado imobiliário, principalmente de condomínios luxuosos, ainda tem espaço para crescer. "Os brasileiros realmente acreditam que se tornarão uma das grandes potências econômicas do mundo", diz Perez. "E nós queremos estar lá desde o início."

Ele diz que, como muitos investidores, foi atraído para o Brasil porque o país é uma das maiores economias do mundo e por prever um grande crescimento a partir da Copa e dos Jogos Olimpícos do Rio de Janeiro, em 2016.

Perez e seu sócio de longa data, Stephen Ross, presidente do conselho da Related Cos., de Nova York, e um dos donos do time de futebol americano Miami Dolphins, montaram uma sociedade em 2012 chamada Related Brasil. Eles contrataram Daniel Citron, que havia trabalhado no Brasil como executivo da empresa americana do setor imobiliário Tishman Speyer, e alocaram US$ 120 milhões para serem investidos no país.

Em novembro, a sociedade iniciou as vendas da primeira fase do Parque Global, um megaprojeto às margens do Rio Pinheiros que terá 672 apartamentos e custará US$ 450 milhões. O complexo incluirá, no futuro, um hotel, escritórios e um espaço para lojas. Já o V:House será localizado próximo da área financeira da Avenida Faria Lima, também em São Paulo. Com 303 unidades, o projeto tem um custo estimado em US$ 70 milhões.

A alta nos preços dos imóveis em São Paulo perdeu fôlego nos últimos três anos, passando dos mais de 25% registrados em 2011 para menos de 15% em 2013, segundo relatório divulgado semana passada pelo Banco Central.

O preço médio pedido pelo metro quadrado num apartamento na cidade era de R$ 8.003 em abril, de acordo com o índice FipeZap, elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e pelo site de vendas imobiliárias ZAP Imóveis. Apartamentos no Parque Global foram vendidos por cerca de R$ 10.730 o metro quadrado.

O Parque Global está sendo construído por uma sociedade com a firma americana de investimentos Starwood Capital Group e a construtora brasileira Bueno Netto Construções.

Para os dois projetos, a sociedade contratou a Arquitectonica, uma firma de arquitetura de Miami que já projetou condomínios nos Estados Unidos para as empresas tanto de Perez como de Ross.

Perez, que também é um colecionador de arte, ficou conhecido ao construir milhares de condomínios de luxo em Miami durante a última bolha imobiliária. Quando a bolha estourou, ele perdeu mais de US$ 1 bilhão de sua fortuna pessoal e teve que entregar várias propriedades aos credores.

Ross, por sua vez, é famoso por ter construído o Time Warner Center, em Manhattan. Os dois começaram suas carreiras no setor imobiliário como construtores de moradias populares subsidiadas.

A sociedade Related planeja pagar os projetos de São Paulo usando uma combinação de mais de US$ 100 milhões em capital próprio, depósitos de compradores e financiamentos que ainda não foram concluídos. A incorporadora estima que 70% dos custos dos dois projetos sejam pagos com financiamentos.

A empresa está tirando proveito do fato de que, no Brasil, os compradores geralmente pagarem até 60% do custo do imóvel antes que a construção termine, o que reduz os riscos do projeto tanto para ela como para os compradores. Os bancos brasileiros pedem que entre 30% e 40% das unidades do novo prédio tenham sido vendidas antecipadamente antes de conceder um empréstimo para a construção.

Tanto Perez como Ross "são participantes muito bem-sucedidos e conhecidos em mercados americanos que vêm tendo forte demanda de brasileiros, principalmente Miami e Nova York", diz Joel Wells, gestor de um fundo imobiliário de mercados emergentes da Alpine Funds, uma firma de Nova York.

A Related está chegando ao Brasil num momento delicado, perto das eleições presidenciais e em meio a uma queda no crescimento econômico. A expansão do PIB do país foi de apenas 0,9% em 2013, ante 7,5% em 2010.

As vendas de apartamentos em São Paulo subiram 31% durante os primeiros nove meses de 2013 em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a Ernst & Young. Ao mesmo tempo, os preços dos apartamentos subiram 13% nos últimos 12 meses. Mas Viktor Andrade, diretor imobiliário da Ernest & Young no Brasil, diz que dados mais recentes indicam que as vendas estão começando a recuar. "O mercado imobiliário não é mais a jogada fácil que era três anos atrás, mas ainda é uma boa ideia", diz.

Perez observa que, apesar da desaceleração, o Parque Global vendeu antecipadamente 80% das suas unidades e, um mês depois de iniciar as vendas para os dois primeiros edifícios, a sociedade já começou a fazer vendas antecipadas unidades do terceiro.

"O mercado esfriou um pouco, mas nós acreditamos que é temporário", diz Perez. "São Paulo consumirá toda essa oferta imobiliária com o tempo? Não tenho a menor dúvida."

Fonte: Valor
Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica com especialização em Tecnologia da Informação e Comunicação. Editor chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Jornalista e Diagramador - DRT 10580/DF. Sites: https://etormann.tk e https://atualidadepolitica.com.br

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